No Distrito Federal, cerca de 200 representantes de povos indígenas de todo o país se reuniram nesta segunda-feira (13) para exigir a demarcação de terras e medidas efetivas contra as mudanças climáticas. O encontro ocorreu em frente ao Ministério da Justiça, na Esplanada dos Ministérios, e faz parte da programação da Pré-COP Indígena, realizada em paralelo à Pré-COP dos Estados.
A artesã Luana Kaingang, de 34 anos, destacou que as alterações climáticas têm prejudicado a produção de artesanato em sua comunidade, que depende de plantas como criciúma, taquara e komag. “Passamos por períodos de longa estiagem e temporais, o que compromete nossa terra”, relatou.
Escudo contra desmatamento
Segundo o diretor-executivo da Apib, Kleber Karipuna, cada terra indígena demarcada funciona como um escudo contra o desmatamento. Ele ressaltou que esses territórios ajudam a manter florestas em pé e contribuem para a geração de chuvas, essenciais ao agronegócio brasileiro.
Além disso, entre 2001 e 2021, as Terras Indígenas na Amazônia absorveram aproximadamente 340 milhões de toneladas de CO2, mostrando a relevância desses territórios na mitigação das mudanças climáticas.
Proteção e modo de vida
O ato também enfatizou o papel das comunidades na conservação ambiental e na proteção de saberes tradicionais. Luana Kaingang destacou que a demarcação garante a continuidade da agroecologia e da preservação das matas nativas em sua região. Outra participante, Kauane Félix, alertou para o impacto do desmatamento na alimentação local, incluindo milho, feijão, mandioca e frutas nativas.
Tensão na fronteira
A indígena Sally Nhandeva, de 21 anos, comentou os desafios de viver na fronteira entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai, enfrentando ameaças de fazendeiros e o risco de despejo. A demarcação, segundo ela, é essencial para proteger sua comunidade e garantir a continuidade de seus modos de vida.