Governo entrega títulos de Terra Indígena no Pará

No Alto Rio Guamá moram 2,5 mil indígenas distribuídos em 42 aldeias próximas ao Rio Guamá, ao norte do Rio Gurupi, na fronteira com o Maranhão.

Fonte: Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil - São Luís

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© Fábia Prates/Secom/PR

O governo federal realizou hoje (28) a entrega simbólica da titulação da Terra Indígena Alto Rio Guamá, nos municípios de Nova Esperança do Piriá, Santa Luzia e Paragominas, no nordeste do Pará. A cerimônia de entrega para as lideranças indígenas foi realizada na aldeia sede, na parte norte do território. Homologada em 1993, a terra indígena de 282 mil hectares, estava com parte do território ocupado ilegalmente por não indígenas. A entrega da titulação ocorre após o término da desintrusão, iniciado em março, depois da decisão da Justiça Federal.

No Alto Rio Guamá moram 2,5 mil indígenas das etnias Tembé, Timbira e Kaapor distribuídos em 42 aldeias próximas ao Rio Guamá, ao norte do Rio Gurupi, na fronteira com o Maranhão. Embora a Justiça determinasse a retirada imediata dos ocupantes ilegais da terra, o governo negociou prazo de 30 dias para que as famílias de 1.600 não indígenas deixassem a terra de forma voluntária sem necessidade de uso de força policial.

“Após 30 anos, finalmente teremos a devolução da posse da Terra Indígena do Alto Rio Guamá, no Pará. Um passo crucial para garantir os direitos dos povos Tembé, Timbira e Kaapor. Uma ação integrada do governo federal, fruto do compromisso do Governo Lula com os povos indígenas”, escreveu a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, em uma rede social.

Desintrusão

O processo judicial para a desintrusão começou em 2002, quando o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação de reintegração de posse da terra indígena ocupada irregularmente. A Justiça Federal concedeu liminar favorável à ação, confirmada em sentença proferida em 2014.

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“A batalha judicial faz parte de uma longa história de conflitos pela posse da terra que resultou em mortes e desmatamento na área central de 150 mil hectares. A parte mais recente dessa história, marcada por violência, preconceitos e muito ressentimento, teve início em 1945, com o reconhecimento da terra indígena”, informou o Ministério dos Povos Indígenas.

De acordo com o ministério, a primeira fase da desintrusão começou entre maio e junho deste ano, quando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) cadastrou as famílias para encaminhamento a programas sociais pertinentes. Prefeituras locais e órgãos federais ajudaram a transportar seus pertences para locais cedidos e também cederam cestas básicas.

Após o prazo da saída voluntária, oficiais de Justiça, da Subseção Judiciária de Paragominas, rodaram a terra para notificar eventuais remanescentes e atestaram a saída de todos os ocupantes ilegais.

Na última sexta-feira (23) oficiais de Justiça, da Subseção Judiciária de Paragominas entregaram a representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Secretaria-Geral da Presidência da República, o auto de reintegração de posse da Terra Indígena Alto Rio Guamá (TIARG), concluindo a segunda fase da operação. O documento atesta o cumprimento de mandado judicial que restitui aos povos das etnias Tembé, Timbira e Kaapor o pleno direito de posse da terra indígena.

O ministério informou que, na terceira fase, a ser realizada ao longo do mês de julho, haverá a inutilização de acessos e instalações irregulares na terra indígena. A medida tem por objetivo impedir que intrusos voltem a ocupar o local.

Participaram da operação conjunta de desintrusão a Funai, o Incra, Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Força Nacional e Exército Brasileiro.

Edição: Valéria Aguiar

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