O Dia de Gênero da COP30 colocou a relação entre desigualdade e mudanças climáticas no centro das negociações em Belém, reunindo milhares de participantes para discutir como os impactos ambientais recaem de forma mais intensa sobre as mulheres.
A ministra da Mulher, Márcia Lopes, afirmou que não há justiça climática sem justiça de gênero, ressaltando que elas enfrentam maior vulnerabilidade diante da falta de água, da insegurança alimentar, da perda de renda e do aumento da violência em situações de desastre.
Segundo a ministra, mesmo diante de cenários adversos, as mulheres têm papel fundamental no enfrentamento dos desafios ambientais. Elas preservam saberes tradicionais, mantêm hortas, cozinhas comunitárias e lideram redes de solidariedade, além de contribuírem para resultados ambientais mais eficazes quando participam da gestão.
A representante da ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino, defendeu que políticas climáticas precisam considerar os efeitos diferenciados sobre as mulheres. Ela lembrou que a projeção global aponta mais de 250 milhões de mulheres em risco de pobreza e insegurança alimentar em decorrência da crise climática, número significativamente maior que o registrado entre homens.
A sobrecarga também aumenta, afirma Querino, porque mulheres costumam assumir o cuidado de pessoas vulneráveis, grupo que sofre ainda mais com episódios de calor extremo e eventos climáticos intensos.
O debate integra o Programa de Trabalho de Lima sobre Gênero, criado para promover equilíbrio e participação feminina nas ações climáticas. O plano foi prorrogado após decisão na COP29, mas, segundo a ONU Mulheres, sua eficácia depende de compromissos políticos sólidos, financiamento e mecanismos de monitoramento.


















