As organizações da sociedade civil Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Associação dos Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (Muvb) reagiram à Operação Rejeito, da Polícia Federal (PF), que prendeu nesta quarta-feira (17) os diretores da Agência Nacional de Mineração (ANM) e do Serviço Geológico do Brasil (SGB) por suspeita de fraudes na autorização da exploração de minério de ferro em Minas Gerais.
O MAB classifica o suposto envolvimento de servidores públicos como revoltante, destacando que a cumplicidade entre o Estado e empresas mineradoras compromete a segurança de milhares de pessoas e aumenta o risco de desastres ambientais.
Segundo Joceli Andrioli, membro da coordenação do MAB, práticas de corrupção anteriores levaram aos rompimentos das barragens de Brumadinho em 2019 e Mariana em 2015. Ele alerta para a possibilidade de repetição de crimes semelhantes, questionando quem arcará com os custos humanos e ambientais.
A PF afirmou que os investigados corromperam servidores em órgãos estaduais e federais para obter autorizações e licenças fraudulentas, permitindo a exploração irregular de minério em áreas próximas a locais tombados, com graves impactos ambientais e risco elevado à vida humana.
“Temos que defender os órgãos de controle do Estado, penalizando os envolvidos em corrupção e fortalecendo o serviço público para evitar novos crimes”, afirmou Andrioli.
O Muvb ressaltou que as prisões de Caio Mário Trivellato Seabra Filho, diretor da ANM, e de Rodrigo de Melo Teixeira, diretor de Administração e Finanças do SGB, evidenciam problemas crônicos no setor, onde interesses econômicos e políticos podem se sobrepor à segurança da população.
O movimento denunciou a fragilidade e a falta de independência técnica das instituições reguladoras, citando o Serviço Geológico do Brasil como um órgão impedido de investigar de forma isenta problemas de afundamento do solo em Maceió devido à extração de sal-gema pela Braskem.
O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) também manifestou preocupação, defendendo punição aos envolvidos e reforçando seu compromisso com mineração ética, transparente e sustentável.
A ANM e o SGB reafirmaram o compromisso com legalidade e transparência, garantindo colaboração com autoridades sempre que formalmente demandadas.


















