O projeto Paisagens Alimentares, da Embrapa Alimentos e Territórios Alagoas, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), está transformando comunidades rurais no semiárido nordestino. A iniciativa promove a valorização da cultura alimentar e o fortalecimento do turismo comunitário, alcançando mais de cinco mil pessoas de forma direta e indireta.
Histórias como a de Anatália Costa Neto, conhecida como Nat, ilustram os impactos do programa. Integrante da Associação das Mulheres Empoderadas de Terra Caída, em Indiaroba (SE), ela conquistou o prêmio Mulher de Negócio na categoria Microempreendedora Individual após desenvolver produtos locais como o hambúrguer de carne de aratu e biscoitos de capim santo. Com apoio da Embrapa, sua comunidade diversificou a produção artesanal e criou atividades de turismo sustentável.
Em Alagoas, o assentamento Olho D’Água do Casado também ganhou destaque. Coordenadora local, Ana Paula Ferreira destaca que o projeto trouxe pertencimento, visibilidade e oportunidades de renda por meio da agricultura familiar e do artesanato com recursos da caatinga. Jovens que antes se afastavam das atividades rurais agora encontram perspectivas dentro do próprio território.
A iniciativa nasceu em 2018 e, após estudos técnicos, selecionou cinco territórios e seis comunidades nos estados de Alagoas, Sergipe e Pernambuco. Entre os grupos participantes estão marisqueiras, quilombolas, beijuzeiras e artesãos, todos comprometidos com práticas agroecológicas e preservação ambiental.
O protagonismo feminino é um traço comum nos territórios envolvidos. Mulheres lideram associações, coordenam vivências turísticas e impulsionam a produção artesanal e agroalimentar. Essa atuação vem garantindo novas fontes de renda e fortalecendo a identidade cultural das comunidades.
Além do impacto econômico, o projeto resgata tradições. No Quilombo Engenho Siqueira (PE), por exemplo, mantém-se vivo o preparo do funje, prato típico de Angola que reforça a ligação ancestral do grupo com a nação Bantu. Segundo a Embrapa, conectar a biodiversidade brasileira à cultura alimentar e ao turismo comunitário é a chave para um desenvolvimento sustentável e inclusivo.