Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) defende a criação de um imposto sobre grandes fortunas e um tributo corporativo mínimo global para financiar o pagamento de dívidas climáticas. Os recursos seriam direcionados principalmente a nações de baixa renda e populações expostas aos impactos ambientais.
O levantamento, elaborado pelo pesquisador Rodrigo Fracalossi, utiliza a abordagem de igualdade per capita para medir quanto cada país ultrapassou sua “cota justa” de emissões desde 1990. O método busca quantificar a responsabilização histórica, mostrando quem consumiu acima do seu limite no espaço atmosférico.
Com base em dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o orçamento global de carbono restante a partir de 1990 era de 1,36 trilhão de toneladas de CO₂. Os resultados indicam que os Estados Unidos acumulam a maior dívida climática, estimada em US$ 47,9 trilhões, enquanto o Brasil já teria utilizado 168% de seu limite, considerando emissões por desmatamento.
Para arrecadar fundos, o estudo sugere: um imposto anual de 2% sobre as fortunas de milionários e bilionários, com potencial de até US$ 390 bilhões anuais; e a implementação mundial de um imposto corporativo mínimo de 15% para grandes multinacionais, alinhado à OCDE e ao G20, gerando mais US$ 192 bilhões por ano.
Os valores obtidos poderiam financiar ações de mitigação e adaptação, como energias renováveis, reflorestamento, infraestrutura resiliente e diversificação agrícola. O pesquisador destaca que mecanismos de mercado não são suficientes sem políticas públicas de redistribuição.


















