Clientes enfrentam ameaças em ‘golpe da fruta’ no Mercadão de São Paulo

Fonte: Isabelle Amaral*, do R7

15 59

O Mercado Municipal de São Paulo, conhecido popularmente por “Mercadão de SP”, tornou-se alvo de denúncias realizadas por visitantes que relatam terem caído no ‘golpe da fruta’ por comerciantes do local. As denúncias vêm sendo realizadas por meio das redes sociais, TripAdvisor e até em comentários negativos em páginas da internet.

O Mercadão é um dos pontos turísticos mais conhecidos de São Paulo pela gastronomia composta principalmente por frutas exóticas e comidas brasileiras típicas, como sanduíches com mortadela, mercadorias a granel e pastéis, entre outros.

No Twitter, turistas de todas as cidades brasileiras e até de fora do país relatam idas a São Paulo para experimentar a diversidade gastronômica do Mercadão. No entanto, as recentes denúncias exigem que os consumidores estejam alertas ao golpe.

Na maioria das queixas, as pessoas dizem ser bem atendidas por funcionários de barracas e descrevem abordagens atenciosas em que os comerciantes oferecem gratuitamente frutas bonitas e diversificadas. Enquanto isso, segundo relatos, os vendedores montam bandejas e coagem o cliente a comprar os produtos por valores entre R$ 300 e R$ 500. Caso a pessoa se negue, ela é tratada mal, ofendida e, em alguns casos, ameaçada.

[Continua depois da Publicidade]

A consumidora Karen Taylor relatou em sua rede social, no sábado (29), que foi ofendida após se negar a comprar uma mercadoria. “Viemos ao mercadão de São Paulo e estou sendo chamada de pobre de mil maneiras diferentes”, escreveu.

Dan Santana relatou que foi atraído por um vendedor que ofereceu uma bandeja de frutas por R$ 11,90, após ter experimentado algumas amostras. No entanto, quando estava voltando para casa, percebeu por meio do aplicativo do banco que o comerciante havia lhe cobrado R$ 200 em apenas uma bandeja de fruta.

Abordagens agressivas

A recusa pelos produtos, para muitos, parece simples: dizer que não quer comprar a mercadoria, deixar a bandeja, virar as costas e ir embora. Mas, em alguns casos, os comerciantes conseguem assustar os clientes com abordagens agressivas e ameaçadoras.

Em uma das avaliações, uma mulher comenta que presenciou a cena de um comerciante jogando as frutas na cliente após ela se recusar a pagar o valor de R$ 400 pela mercadoria. “Quando a mulher, que estava com junto com filho, disse que ia levar apenas uma caixa de uva de R$ 30, ele continuou pressionando para que levasse o resto. Nisso, o homem se transformou completamente, brigou com ela, jogou as frutas e falou um monte. Eu fiquei incrédula”, escreveu.

Em outros casos, se o consumidor nega a compra, ele passa a ser ofendido. “Esses dias atrás eu fui ao Mercadão de São Paulo, só dei uma olhadinha antes de entrar no trabalho e fui agredida verbalmente por um cara, que ficou bravo porque eu não comprei uma fruta”, relatou uma outra consumidora.

Ofensas e ameaças: quem fiscaliza o mercadão?

“É revoltante o que a gente passa no Mercadão, um absurdo desse não acontece em lugar nenhum do Brasil e o órgão fiscalizador da Prefeitura de São Paulo deve saber o que se passa e não toma nenhuma providência”, diz Cássia Barros em sua rede social.

Cada vez mais comentários como o de Cássia ganham as redes sociais. “Os vendedores insistem que você prove algo e depois exigem que você compre, falaram até isso: “só veio aqui pra comer de graça! Os preços são exorbitantes. Não sou obrigado a levar nada. A quem recorrer nesses casos?”, questionou Ricardo Vieira, em um comentário de avaliação do Google.

O Mercado Municipal de São Paulo e Mercado Kinjo Yamato, localizados na região central da capital, foram concedidos à iniciativa privada por 25 anos. O contrato entre a Prefeitura de São Paulo e o Consórcio Novo Mercado Municipal foi assinado em abril de 2021.

O consórcio é composto pelas empresas Brain Realty Consultoria e Participações e o Fundo de Investimento Mercado Municipal. O acordo prevê que “a concessionária invista obrigatoriamente no restauro e reforma dos mercados, em conformidade com as especificações técnicas, exigências de operação e ambientais, bem como as normas vigentes e os órgãos de tombamento”.