Cáritas defende protagonismo dos povos tradicionais na transição ecológica

A Cáritas Brasileira lançou um documento com propostas para uma transição ecológica baseada na justiça climática e inclusão das comunidades tradicionais, às vésperas da COP30.

Fonte: CenárioMT

Brasília (DF), 06/08/2025 - Arte para matéria sobre a COP30. Arte/Agência Brasil
Foto: Arte/Agência Brasil

A menos de três meses para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para Belém (PA), a Cáritas Brasileira divulgou um documento estratégico que destaca o protagonismo das comunidades tradicionais na transição ecológica, pautada na justiça climática.

Intitulado Documento de Posições da Cáritas Brasileira para a COP30: Por uma transição justa, inclusiva, popular e democrática, o texto apresenta um conjunto de propostas que visam enfrentar os desafios da crise climática, defendendo a vida e o desenvolvimento de alternativas sustentáveis.

Segundo a diretora-executiva da Cáritas, o material reflete um trabalho contínuo de fortalecimento de iniciativas para promover uma transição ecológica justa no Brasil, reafirmando a importância de uma relação equilibrada entre sociedade e meio ambiente para construir uma sociedade do bem viver.

O documento aborda sete eixos temáticos centrais:

  • financiamento climático;
  • perdas e danos decorrentes da crise;
  • refúgio climático para comunidades afetadas;
  • tecnologias sociais;
  • agroecologia e segurança alimentar;
  • mitigação aliada aos direitos humanos e ambientais;
  • transição energética.

Entre as propostas, está o reconhecimento da dívida ecológica histórica dos países do Norte Global em relação ao Sul, e a necessidade de que o governo brasileiro implemente estratégias de financiamento climático acessíveis diretamente às comunidades e organizações locais.

Além disso, o documento sugere integrar as ações de mitigação das emissões, como a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), às agendas de direitos humanos e ambientais, e valorizar a agroecologia como caminho para garantir a sustentabilidade alimentar. Também defende a consulta obrigatória às comunidades tradicionais sobre iniciativas que impactem seus territórios.

Origem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Cáritas Brasileira reúne 198 entidades pelo país e pretende levar essas propostas aos debates da COP30 para garantir que as demandas dos povos originários, comunidades tradicionais, rurais, urbanas e periféricas sejam ouvidas nas decisões globais.

Lucas D’Avila, assessor nacional da Cáritas, ressalta a urgência dessas pautas, já que esses grupos são os mais afetados pela emergência climática, apesar de serem os que menos contribuem para o problema.