A menos de três meses para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para Belém (PA), a Cáritas Brasileira divulgou um documento estratégico que destaca o protagonismo das comunidades tradicionais na transição ecológica, pautada na justiça climática.
Intitulado Documento de Posições da Cáritas Brasileira para a COP30: Por uma transição justa, inclusiva, popular e democrática, o texto apresenta um conjunto de propostas que visam enfrentar os desafios da crise climática, defendendo a vida e o desenvolvimento de alternativas sustentáveis.
Segundo a diretora-executiva da Cáritas, o material reflete um trabalho contínuo de fortalecimento de iniciativas para promover uma transição ecológica justa no Brasil, reafirmando a importância de uma relação equilibrada entre sociedade e meio ambiente para construir uma sociedade do bem viver.
O documento aborda sete eixos temáticos centrais:
- financiamento climático;
- perdas e danos decorrentes da crise;
- refúgio climático para comunidades afetadas;
- tecnologias sociais;
- agroecologia e segurança alimentar;
- mitigação aliada aos direitos humanos e ambientais;
- transição energética.
Entre as propostas, está o reconhecimento da dívida ecológica histórica dos países do Norte Global em relação ao Sul, e a necessidade de que o governo brasileiro implemente estratégias de financiamento climático acessíveis diretamente às comunidades e organizações locais.
Além disso, o documento sugere integrar as ações de mitigação das emissões, como a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), às agendas de direitos humanos e ambientais, e valorizar a agroecologia como caminho para garantir a sustentabilidade alimentar. Também defende a consulta obrigatória às comunidades tradicionais sobre iniciativas que impactem seus territórios.
Origem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Cáritas Brasileira reúne 198 entidades pelo país e pretende levar essas propostas aos debates da COP30 para garantir que as demandas dos povos originários, comunidades tradicionais, rurais, urbanas e periféricas sejam ouvidas nas decisões globais.
Lucas D’Avila, assessor nacional da Cáritas, ressalta a urgência dessas pautas, já que esses grupos são os mais afetados pela emergência climática, apesar de serem os que menos contribuem para o problema.