Negociadores dos 11 países do Brics finalizaram na sexta-feira (4) as discussões preparatórias para a cúpula marcada para domingo (6) e segunda-feira (7), no Rio de Janeiro. O encontro resultará em declarações conjuntas em três áreas prioritárias: combate a doenças socialmente determinadas, avanços em inteligência artificial e enfrentamento das mudanças climáticas.
As decisões tomadas pelos chamados sherpas serão submetidas aos líderes dos países. Segundo os organizadores, o objetivo brasileiro com a cúpula é ampliar o foco internacional, frequentemente dominado por disputas geopolíticas, para incluir temas como erradicação da pobreza, segurança alimentar e fortalecimento dos sistemas de saúde.
De acordo com o embaixador Mauricio Lyrio, sherpa brasileiro e coordenador das negociações, o país pretende colocar esses assuntos no centro da agenda, repetindo o esforço feito no G20, quando lançou a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. Agora, o foco é estabelecer parcerias para eliminar doenças como tuberculose, hanseníase, malária, dengue e febre amarela.
Os negociadores também trataram de questões institucionais do grupo, como a formalização de processos, o novo esquema de presidência rotativa e o modelo de participação de países parceiros — agora somando dez com a recente inclusão do Vietnã nesse status.
COP30 e financiamento climático
As discussões climáticas tiveram como ponto central o financiamento para a transição. Os países do Sul Global argumentam que as nações mais ricas, responsáveis por maiores emissões históricas, devem cooperar para financiar o desenvolvimento sustentável dos menos desenvolvidos.
O Brasil espera compromissos mais concretos no combate à mudança do clima, especialmente em razão de sediar, em novembro, em Belém, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Esta reunião de sherpas foi a última antes da cúpula, sucedendo encontros em fevereiro e abril, quando já haviam avançado em temas como a Parceria Estratégica na Área Econômica e o papel do Novo Banco de Desenvolvimento no financiamento à industrialização do Sul Global.