Brics defende ordem global mais justa em declaração no Rio

Reunidos no Rio de Janeiro, líderes do Brics divulgaram documento cobrando reformas na governança mundial e reafirmando compromissos climáticos.

Fonte: CenárioMT

Brics defende ordem global mais justa em declaração no Rio
Brics defende ordem global mais justa em declaração no Rio - Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em encontro no Rio de Janeiro, os países do Brics divulgaram a Declaração Final da 17ª Cúpula, destacando o papel do Sul Global como motor de transformações positivas diante de desafios internacionais como tensões geopolíticas, desaceleração econômica, avanços tecnológicos acelerados, medidas protecionistas e questões migratórias.

O documento ressalta o papel central do bloco na defesa de uma ordem internacional mais justa, inclusiva e estável, baseada no direito internacional. Os líderes também se comprometeram com o fortalecimento da cooperação econômica, o enfrentamento da crise climática e o desenvolvimento humano, social e cultural.

O bloco é formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Juntos, os membros representam 39% da economia mundial e quase metade da população do planeta. Em 2024, o Brics respondeu por 36% das exportações brasileiras e 34% das importações.

Conflitos e segurança

Os países manifestaram preocupação com conflitos em curso e com o aumento dos gastos militares globais, defendendo abordagens multilaterais para resolver disputas. Condenaram os ataques militares contra o Irã e pediram cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, além da retirada das forças israelenses dos territórios ocupados e da libertação de reféns.

Sobre a guerra na Ucrânia, o grupo expressou apoio a iniciativas de mediação que busquem uma solução diplomática e duradoura para o conflito.

Cooperação internacional

Intitulada Declaração do Rio de Janeiro: Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável, a declaração reúne 126 pontos distribuídos em temas como reforma da governança global, promoção da paz, ampliação da cooperação econômica e combate às mudanças climáticas.

O texto prevê esforços para criar um sistema tributário internacional mais justo, melhorar a arrecadação doméstica e combater a evasão fiscal. Também defende maior engajamento do setor privado, com apoio a micro, pequenas e médias empresas por meio de serviços digitais que simplifiquem operações comerciais.

Clima e inteligência artificial

Os países reafirmaram o compromisso com o Acordo de Paris e com a COP30, que será presidida pelo Brasil. Destacaram a importância de enfrentar as mudanças climáticas respeitando responsabilidades diferenciadas entre países e apoiaram o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, iniciativa brasileira para mobilizar recursos destinados à preservação das florestas.

Em relação à inteligência artificial, o grupo defendeu uma governança global que mitigue riscos e atenda às necessidades de todos os países, com participação ativa das Nações Unidas.

Além da declaração final, foram aprovados documentos adicionais sobre finanças climáticas, governança da inteligência artificial e parcerias para eliminação de doenças socialmente determinadas.