Um agricultor de Tala, no interior do Uruguai, denuncia que décadas de uso intenso de agrotóxicos na produção de beterraba açucareira deixaram solo degradado, lençóis freáticos contaminados e sequelas na saúde da população local. Mesmo após o fim do cultivo, os efeitos ambientais permanecem, incluindo a dependência total de irrigação artificial devido à perda da capacidade de retenção de água.
O coordenador da Red Nacional de Semillas Nativas y Criollas, Marcelo Fossati, afirma que empresas nacionais adquiridas por multinacionais lucraram enquanto comunidades rurais enfrentavam erosão, infertilidade do solo e contaminação persistente. Em Belém, durante a Cúpula dos Povos, ele detalhou como o modelo químico imposto desde a Revolução Verde alterou práticas agrícolas e trouxe riscos crônicos à saúde, com relatos de câncer e problemas respiratórios entre produtores expostos sem proteção.
Segundo Fossati, estudos realizados em escolas rurais indicaram a presença de resíduos de agrotóxicos em todas as amostras de água subterrânea analisadas. Ele também relaciona os impactos ambientais ao agravamento da crise climática, destacando o elevado consumo de energia necessário para produzir, transportar e aplicar fertilizantes e pesticidas.
O agricultor cita empresas como Isusa e Proquimur, que, apesar dos nomes locais, operam sob controle de corporações estrangeiras. Para ele, a manutenção dessas marcas evita a associação direta das intoxicações às multinacionais responsáveis pelos insumos químicos.


















