O indiciamento de um vigilante por feminicídio qualificado em Sinop reacende o alerta sobre a escalada da violência contra mulheres em Mato Grosso. A investigação apontou que Pedro Padilha, de 53 anos, matou a jovem Geovana da Silva, de 21, dentro de um hotel na cidade, no início de outubro. O caso, que teve ampla repercussão local, agora está nas mãos do Ministério Público.
De acordo com a Polícia Civil, o crime foi classificado como feminicídio qualificado por motivo fútil. O inquérito foi concluído na última quinta-feira (16), com base em depoimentos, perícias e imagens de câmeras de segurança que ajudaram a reconstruir os últimos momentos da vítima.
Crime em hotel e fuga para área de mata
Segundo as investigações, o casal chegou ao hotel na segunda-feira (6). No dia seguinte, funcionários notaram o comportamento estranho do vigilante, que deixou o local sozinho. O corpo de Geovana foi encontrado no quarto pouco depois, com sinais de violência. Padilha fugiu, mas foi capturado horas mais tarde escondido em uma área de mata nos fundos de um casebre, em uma região de chácaras próxima à cidade.
Durante o interrogatório, ele admitiu o crime e disse ter “perdido o controle” após uma discussão sobre o relacionamento. As imagens de segurança mostram o momento em que o vigilante aguarda na recepção do hotel antes de acompanhar a jovem até o quarto. Pouco depois, ela é vista entrando no local — e não sai mais.
Aumento dos casos e contexto estadual
Dados da Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT) revelam que os registros de feminicídio no estado cresceram 18% em 2024 em comparação com o ano anterior. Em Sinop, este é o terceiro caso confirmado apenas neste ano, reforçando um padrão de violência que preocupa as autoridades. O crime é enquadrado no artigo 121, §2º, inciso VI, do Código Penal, que trata do homicídio praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Investigadores apontam que a dinâmica do crime — marcado por ciúmes e controle — é típica dos casos de feminicídio íntimo, quando o agressor tem vínculo afetivo com a vítima. A Polícia Civil destaca que esse tipo de crime costuma ocorrer em ambientes privados, o que dificulta a prevenção e a denúncia antecipada.
O caso segue sob acompanhamento do Ministério Público de Mato Grosso, que avaliará o oferecimento da denúncia formal. A expectativa é de que o processo judicial comece ainda neste semestre. Em nota, a assessoria da Polícia Civil confirmou o encerramento do inquérito e reforçou o compromisso com a apuração rigorosa de crimes de violência contra a mulher.
Casos de agressão, ameaça ou risco podem ser denunciados pelo número 190 (Polícia Militar) ou 180 (Central de Atendimento à Mulher). Informações também podem ser encaminhadas de forma anônima ao Disque-Denúncia 197.