Universitários surdos e mudos reclamam da falta de intérpretes na UFMT e alegam dificuldades

Fonte: TV CENTRO AMÉRICA

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Foto: TV Centro América

Os estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, relataram dificuldades para compreender o conteúdo dado em sala de aula devido a falta de intérpretes na universidade. Atualmente a UFMT tem 34 estudantes com problemas específicos de audição, sendo 22 com algum tipo de deficiência auditiva e 12 com surdez completa.

A universidade informou que possui 17 intérpretes efetivos, sendo 12 no campus de Cuiabá, três no campus do Araguaia, um em Sinop e outro em Rondonópolis. A UFMT disse ainda que, recentemente, recebeu a autorização do Ministério da Educação para contratar mais quatro profissionais para atender a demanda.

Os universitários com problemas de audição contam com a ajuda de colegas do curso para tentar entender o conteúdo, já que os professores em sala não são especializados para atender a demanda deles.

“Quando não conseguimos comunicar por sinais, usamos o WhatsApp. Às vezes não conseguimos entender direito o conteúdo e acabamos passando a ela [aluna com deficiência auditiva] da forma errada e ela fica com dúvidas. Eu posso levantar a mão e falar a dúvida, mas ela não pode fazer isso”, disse a estudante Ana Paula da Silva Almeida.

Uma das estudantes que precisa de um intérprete afirmou que está já reclamou ao coordenador do curso. Depois disso, foi feito um processo na pró-reitoria de assistência estudantil para conseguir o profissional, mas até agora a aluna não teve resposta.

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“Consigo entender um pouco do conteúdo, mas não tudo. Tenho muita dificuldade com as matérias”, afirmou em entrevista pelo WhatsApp.

Outra aluna com deficiente auditiva, Gabriela Karoline Rodrigues, ingressou no curso de matemática no início do ano e, segundo ela, até hoje não conseguiu compreender o conteúdo.

“É muito difícil aprender assim. Preciso de detalhes durante as explicações e não tenho. Não consigo tirar proveito das aulas. Já pedi à direção um intérprete, mas eles disseram que tenho que esperar”, lamentou.

Gabriela disse ainda que conta com a ajuda de algumas amigas que conheceu na universidade, mas, como as estudantes não sabe libras, ela tem dificuldades para compreendê-las.

“Fiquei incomunicável aqui. Com uma dificuldade muito grande. Os alunos tentam me ajudar à base de digitação de celular”, ressaltou.