O tabagismo é responsável por até 60 mortes por câncer de pulmão por ano em Cuiabá, segundo estimativas da clínica Oncolog baseadas em dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e projeções nacionais. De acordo com o levantamento, cerca de 80% dos casos da doença estão diretamente ligados ao consumo de produtos derivados do tabaco.
O câncer de pulmão, um dos mais letais, costuma ser diagnosticado em estágios avançados, o que dificulta as chances de cura. “Quanto antes você parar de fumar, maiores são as chances de seu organismo se recuperar e evitar complicações sérias. Não existe ‘cedo demais’ para cuidar da própria saúde, existe sim, tarde demais”, alerta a cirurgiã geral e torácica Larissa Lara Galvão, da Oncolog.
A campanha de 2025 do INCA, em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS), tem como foco o uso crescente de cigarros eletrônicos e produtos com aditivos aromáticos, os chamados vapes. Esses dispositivos são apontados como principais portas de entrada para o tabagismo entre jovens e adolescentes.
“O cigarro eletrônico contém nicotina e substâncias tóxicas, muitas com potencial cancerígeno. A falsa sensação de segurança ao vaporizar contribui para a banalização de um hábito perigoso, que causa dependência e danos pulmonares graves”, explica a médica.
Além do câncer de pulmão, o fumo está associado a outros tipos da doença, como os de boca, laringe, esôfago e bexiga. Isso pode elevar ainda mais o número real de mortes atribuídas ao tabagismo em Mato Grosso.
Larissa Galvão defende uma atualização nas políticas públicas de combate ao tabaco, com foco especial nos cigarros eletrônicos. “É fundamental reforçar a fiscalização da venda a menores, elevar a tributação sobre produtos de tabaco e manter campanhas educativas contínuas, especialmente nas escolas e redes sociais”, aponta.
O impacto econômico também é expressivo. Um estudo intitulado A conta que a indústria do tabaco não conta indica que o Brasil registra cerca de 55 mil mortes por câncer ligadas ao fumo anualmente, resultando em um prejuízo de R$ 153 bilhões aos cofres públicos. Desse montante, R$ 67,2 bilhões correspondem a custos médicos diretos, equivalentes a 7% do orçamento do SUS. Os outros R$ 86,3 bilhões referem-se à perda de produtividade, mortes prematuras, invalidez e cuidados informais com pacientes.
O levantamento revela ainda um desequilíbrio alarmante: para cada R$ 1 de lucro obtido pela indústria do tabaco, o país gasta R$ 5 com os danos causados à saúde e à economia.
