Um raio-X da violência doméstica na Capital de Mato Grosso, realizado pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM) de Cuiabá, revela que a separação não garante o fim do perigo.
O anuário de 2024 aponta que 52% das vítimas continuam sendo alvo de diferentes formas de agressão por ex-parceiros, mesmo cerca de um ano após o fim do relacionamento.
O ano de 2024 registrou 6.223 casos de violência doméstica e crimes sexuais na DEDM e no Plantão da Violência Doméstica.
O relatório, assinado pela delegada Judá Maali Pinheiro Marcondes, utilizou uma amostra de 2.956 mulheres para traçar o perfil detalhado das vítimas.
Período crítico e risco de feminicídio
O documento destaca que o fim da união representa um período de risco elevado. A análise mostra que a violência é frequentemente um motor para o rompimento, mas não cessa com ele: 21% das mulheres que buscaram a delegacia já estavam separadas ou divorciadas.
O relatório aponta uma janela de 45 dias após o término como o período mais crítico, no qual 20% das vítimas relataram novos episódios de violência.
A persistência do abuso é evidenciada pelo fato de que 51% das denúncias registradas foram feitas especificamente contra ex-parceiros íntimos. Em casos extremos, a violência persiste por anos, com 27% das vítimas relatando agressões que ocorreram entre 2 e mais de 10 anos após o divórcio.
A análise da DEDM é clara: a persistência da agressão pós-separação pode levar ao agravamento do quadro, culminando em feminicídio, o que exige a adoção imediata de medidas de segurança e proteção.
Contexto das vítimas que registraram ocorrência
A violência atinge mulheres em todas as situações conjugais, conforme a amostra da DEDM:
- Solteiras: 42%
- Casadas ou Coabitando: 28%
- Separadas ou Divorciadas: 21%
Apesar do foco nos ex-parceiros, 11% das agressões foram atribuídas aos atuais companheiros (namorados ou casados).