Projeto prevê criação de comitê para prevenir e combater incêndios florestais em Mato Grosso

Fonte: CENÁRIOMT

governo sul mato grossense reforca combate a incendio no pantanal 5dc095eda7ff8
Chico-Ribeiro/Governo Mato Gross

O deputado estadual Faissal Calil (PV) apresentou, na terça-feira (18), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), um projeto de lei (PL) que prevê a criação do Programa Estadual de Controle do Fogo. O texto traz medidas que têm como objetivo reduzir a incidência de incêndios florestais em ações conjuntas do poder público, sociedade civil e entidades privadas. Entre as iniciativas, está o uso de cerca de 500 aviões agrícolas no combate aos focos de calor.

Entre as medidas previstas no programa, estão ainda a integração e a coordenação de instituições públicas e privadas e da sociedade civil na promoção do manejo integrado do fogo. Uma das diretrizes apresentadas na proposta é a priorização dos investimentos públicos em estudos, pesquisas e projetos científicos que tenham como objetivo a recuperação de áreas atingidas por incêndios florestais. Também é pontuado o incentivo do uso de técnicas sustentáveis de substituição gradativa do uso do fogo nas atividades agropecuárias.

Um dos exemplos apresentados por Faissal da aplicabilidade da proposta é o uso de aeronaves utilizadas em atividades agrícolas. Nesta época do ano, conforme o parlamentar, estes aviões ficam ociosos, já que não há atuação destes nas fazendas. “Eles podem ser utilizados de maneira eficaz tanto na prevenção como no combate a estes incêndios florestais. Alugar estas aeronaves, por exemplo, resultaria em um custo muito menor do que comprar e manter aviões especificamente para este fim”, defende.

“Este PL institui uma política de Estado e não uma política de governo. É algo que deve ser feito, mediante lei, todos os anos. Vemos, nessa época de estiagem e ar seco, o agravamento de várias doenças respiratórias. Infelizmente, não há um planejamento concreto de prevenção e combate a estes incêndios florestais. Com este projeto, isto agora será obrigatório. No total, são cerca de 500 aviões que se encontram ociosos, que podem ser utilizados nestas ações”, afirmou Faissal.

[Continua depois da Publicidade]

Os aviões agrícolas no Brasil precisam ser certificados, obrigatoriamente, para operações de combate a incêndios florestais. Esta determinação é oriunda de um decreto-lei de outubro de 1969. A legislação destaca que todas estas aeronaves que atuam na pulverização de lavouras estejam aptas a atuar no combate ao fogo.

“O país tem atualmente a segunda maior frota de aviões agrícolas do mundo, com cerca de 2 mil aeronaves, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Pela versatilidade que possuem, podem ser muito eficientes e práticos no combate ao fogo em florestas. Este modelo de atuação contra incêndios já é utilizado em alguns lugares do país, mas em escala muito aquém do necessário. Esta proposta permitirá que isso seja feito em larga escala, de forma muito mais simples e eficaz”, afirmou Faissal.

Investimentos – Outro ponto abordado é o da necessidade de investimento que resultem no aumento da capacidade de enfrentamento dos incêndios florestais no momento em que eles ocorram. O texto aborda ainda a importância da conservação e manutenção das vegetações nativas, nas áreas urbanas e rurais.

“Todos os anos vemos as mesmas ocorrências nesta época do ano, com grandes incêndios atingindo áreas de grande importância ambiental. Atualmente, o maior foco está no Pantanal. Em 2019, tivemos uma grande ocorrência no Parque Estadual de Chapada dos Guimarães e um volume recorde de queimadas na Amazônia. Este projeto tem como objetivo principal reduzir este cenário nos próximos anos”, apontou o parlamentar.

O PL cria ainda o Centro Integrado Multiagência de Coordenação Operacional Estadual, que irá monitorar em tempo real os focos de incêndio em Mato Grosso. Caberá a este centro, que será vinculado ao Comitê Estadual de Controle do Fogo, coordenar e planejar as ações de combate aos incêndios florestais que extrapolem o poder de resposta das instituições estaduais. Este procedimento será feito através de protocolos de apoio mútuo e colaboração técnica e financeira entre as instituições participantes.

“Este centro integrado funcionará durante o período crítico de incêndios florestais, que aqui em Mato Grosso se concentram, principalmente, entre os meses de julho e setembro, por conta da estiagem. Uma das ações do comitê será a elaboração de relatórios anuais sobre a situação dos incêndios florestais no estado, para que todos os esforços de prevenção e combate sejam aperfeiçoados”, destacou.

Caso seja mesmo criado, o comitê não utilizará nenhum recurso financeiro do orçamento do estado, sendo tudo feito por compensação ambiental, ou seja, as empresas que pagam mais por poluir o meio ambiente já direcionariam recursos para este programa. A participação de servidores também será feita de forma não remunerada, já que a atividade estará enquadrada como prestação de serviço público relevante.