Um grupo formado por 34 produtores rurais de Mato Grosso, na região de Sinop, está investindo R$ 1 bilhão na construção de uma usina de etanol de milho. O projeto, liderado pela empresa Evermat, tem como objetivo ampliar a demanda local pelo cereal e fortalecer a cadeia produtiva regional.
A usina terá capacidade inicial de processamento de 440 mil toneladas de milho por ano, com possibilidade de dobrar esse volume conforme a demanda. A planta ficará a apenas 50 km da unidade da Inpasa, considerada a maior do mundo em etanol de milho, e competirá também com pequenas indústrias de ração e tradings locais.
Mesmo com a expectativa de aumento no consumo, a oferta de milho na região é alta. Só em 2023, Sinop e municípios próximos colheram 7,7 milhões de toneladas, segundo o IBGE. Os próprios associados da Evermat respondem por cerca de 600 mil toneladas na safra de inverno, suficientes para abastecer a operação inicial da usina.
O empreendimento nasce da união dos mesmos produtores que fundaram a Coanorte em 2018. No entanto, a Evermat é uma sociedade anônima independente, com 65% das ações concentradas em dez famílias. A estratégia de verticalização da produção foi o principal motivador do investimento, que visa integrar ainda mais as culturas da soja, milho, algodão e a pecuária locais.
Dos R$ 1 bilhão previstos, R$ 700 milhões já foram aplicados. A estrutura inclui um armazém com capacidade para 180 mil toneladas e a aquisição quase completa dos equipamentos industriais. A planta terá produção anual de até 215 milhões de litros de etanol, além de 134 mil toneladas de DDGS e 7,9 mil toneladas de óleo de milho. A operação está prevista para começar em 2026.
A usina também contará com uma unidade de cogeração de energia de 13 megawatts, a partir da queima de cavaco de eucalipto, fornecido por empresas da região, incluindo alguns sócios da Evermat. Segundo o presidente da empresa, Tiago Stefanello, a estabilidade no mercado regional de cavaco foi um fator essencial para a viabilidade do projeto.
Cerca de 75% dos recursos vêm de capital próprio dos sócios. Mesmo sendo os principais fornecedores, os preços pagos pelo milho seguirão o valor de mercado. O lucro dos agricultores será via participação acionária.
Outro foco estratégico é o DDGS, subproduto usado em rações. Com a abertura do mercado chinês para o produto brasileiro, a expectativa é que a maior parte da produção seja exportada, enquanto o restante atenderá criadores do Norte de MT, Pará e sul do Amazonas.
O projeto sinaliza uma nova etapa na industrialização agrícola da região, reforçando a competitividade do milho mato-grossense no cenário nacional e internacional.