Polícia Civil mira associação de traficantes em Sorriso e cumpre 94 mandados judiciais

As equipes policiais também estão cumprindo o sequestro de veículos ligados ao principal traficante do grupo e o bloqueio de até R$ 1 milhão de integrantes da associação criminosa

Fonte: CenarioMT com Assessoria

As equipes policiais também estão cumprindo o sequestro de veículos ligados ao principal traficante do grupo e o bloqueio de até R$ 1 milhão de integrantes da associação criminosa
As equipes policiais também estão cumprindo o sequestro de veículos ligados ao principal traficante do grupo e o bloqueio de até R$ 1 milhão de integrantes da associação criminosa

A Polícia Civil de Mato Grosso cumpre, na manhã desta sexta-feira (31), no município de Sorriso, 94 mandados judiciais de prisão, busca e apreensão e quebra de sigilo bancário dentro da Operação Recovery, que apura os crimes de associação para tráfico, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro contra integrantes de facção criminosa.

As equipes policiais também cumprem o sequestro de veículos ligados ao principal traficante do grupo e o bloqueio de valores em até R$ 1 milhão de integrantes da associação criminosa.

A diretoria da Polícia Civil destaca que a operação, coordenada pela Delegacia da Polícia Civil de Sorriso, é uma resposta dura do Estado à atuação do grupo criminoso que vem atuando de forma endêmica no comércio de drogas no município.

O cumprimento dos mandados envolve equipes policiais das Diretorias do Interior, Metropolitana e de Atividades Especiais da Polícia Civil e do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) de Sorriso.

[Continua depois da Publicidade]

Associação criminosa

Os elementos probatórios reunidos na investigação permitiram à Polícia Civil individualizar as condutas de cada envolvido e o funcionamento da associação voltada ao comércio de entorpecentes e a aquisição de patrimônio ilícito.

Três traficantes identificados na investigação lideram a venda no atacado e no comércio entre os ‘lojistas’ que atuam no varejo de entorpecentes. As investigações demonstraram de forma clara que o investigado W.D.S.T. exercia a gerência no abastecimento das “lojinhas” do tráfico, com a ajuda de sua esposa L.S.M,. em bairros da região oeste de Sorriso, como Terra Brasil, Taiamã I e II, Colinas, Pinheiros I, II e III e Carolina.

Todo pequeno traficante da cidade de Sorriso devia obediência e o pagamento de taxas à facção criminosa responsável pelo território em que atua, integrando ou não o grupo criminoso.

Para abastecer os lojistas, W.D.S.T. tinha como fornecedores diversos criminosos, entre eles dois irmãos que tinham o posto de gerentes da facção no município.

Lavagem de capitais

A investigação da Polícia Civil constatou que toda a movimentação era registrada em planilhas com a quantidade de entorpecente encomendada e vendida aos ‘lojistas’, contabilizada e os recebimentos eram pulverizados em contas de ‘laranjas’. Havia ainda uma tabela de preços, controle de pagamento e histórico de débitos dos lojistas vinculados.

Já o dinheiro da distribuição da droga era movimentado pelo traficante e líder intelectual do grupo G.J.P., que não apenas recolhia o pagamento do que vendia, como também recebia as taxas pagas pelos lojistas à facção criminosa para que pudessem vender entorpecentes em Sorriso. É ele quem determinava quem atuaria como gerente em cada bairro do município.

Além da distribuição e venda de drogas, os dois principais traficantes são investigados por lavagem de capitais. O dinheiro era pulverizado em diversas contas de “laranjas”, a mando de G.J.P., e a regra era escolher como laranjas pessoas com pouco, ou nenhum, histórico criminal. Ele ainda determinava que o dinheiro das “camisas” (taxas pagas pelos traficantes) deveria ser depositado em conta diversa daquela que recebe o pagamento da venda de drogas. O dinheiro das camisas era encaminhado à conta de uma mulher, também alvo da operação pelo crime de lavagem de capitais.

GJ.P., além de liderar a associação criminosa, assessorado por seu irmão, nas redes sociais ostenta uma vida de luxo, paga com o dinheiro do tráfico de drogas.

[Continua depois da Publicidade]

Divisão dos valores recebidos

Outras mulheres também investigadas no bojo da Operação Recovery atuam não apenas na lavagem de ativos ilícitos da associação, bem como desfrutam da luxuosa vida que o dinheiro sujo propicia.

Duas delas são da mesma família (mãe e filha), que se especializou em fazer lavagem de dinheiro do tráfico, e que conta ainda com a participação do filho. Agindo da mesma forma que os filhos, E.S.B. recebe pagamentos da compra e venda de drogas em suas contas pessoais, a fim de ocultar e dissimular a origem.

Outras investigadas, duas delas companheiras dos traficantes, têm como papel na associação criminosa ceder as contas bancárias para receber e realizar pagamentos de negociações que envolvem o comércio de drogas em Sorriso.

Uma das investigadas, que foi presa recentemente em flagrante por tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro, e colocada em liberdade provisória, continuou a cometer os crimes da mesma natureza.

Venda de armas

A investigação apurou também que K.N.F.S., de Sinop, e com extenso histórico criminal, fez a venda de diversas armas aos integrantes da associação investigada. Em uma negociação, ele vendeu uma pistola Taurus, modelo PT 58, para o traficante que gerencia o abastecimento dos ‘lojistas’.

A apuração constatou que o criminoso vendeu, somente ao bando aqui investigado, três armas de fogo e ofertou outros diversos armamentos à associação investigada.

“A associação criminosa investigada atua de forma endêmica, constante e vultosa no comércio de diversos tipos de drogas na cidade de Sorriso, principalmente cloridrato de cocaína, pasta base de cocaína, ecstasy e maconha. É importante que seja lembrado o que representa o tráfico de drogas em uma análise macroscópica do combate ao crime, com o recrutamento de jovens, ainda menores de idade, para trabalhar no transporte e comércio de entorpecentes, causando danos não só à geração contemporânea, mas também destruindo a geração futura”, comentou o delegado Bruno França, responsável pela investigação.

Números da Operação Recovery

36 mandados de prisão preventiva
1 mandado de internação de menor de idade
42 mandados de buscas domiciliares
15 quebras de sigilo bancário
Sequestro de veículos
Bloqueio de R$ 1 milhão de reais
Efetivo empregado: 170 policiais civis

Possui experiência em produção textual e, atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT produzindo conteúdo sobre a região norte de Mato Grosso.