Na quinta-feira, 21 de agosto de 2025, a Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou a Operação Ludus Sordidus, desarticulando um núcleo criminoso que atuava em Cuiabá, Várzea Grande e São Paulo, movimentando milhões de reais em tráfico de drogas, estelionato, jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Ao todo, foram cumpridos 38 mandados judiciais e bloqueados mais de R$ 13,3 milhões em bens e valores vinculados à facção.
As investigações começaram em dezembro de 2023 após a interrupção de uma reunião comunitária no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, motivada por ameaças de integrantes do grupo. O episódio chamou a atenção da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), que iniciaram um levantamento detalhado da rede.
O líder do esquema, Sebastião Lauze Queiroz de Amorim, conhecido como “Vovô” ou “Dono da Quebrada”, mantinha uma fachada de respeitabilidade enquanto controlava atividades ilícitas nos bairros Osmar Cabral e Jardim Liberdade. Seu irmão, João Bosco Queiroz de Amorim, apelidado “Bosco” ou “Faixa Preta”, era responsável pela lavagem de dinheiro e pelas apostas ilegais, recebendo 10% dos lucros e morrendo em confronto com a polícia durante a operação.
Entre outros envolvidos, destacam-se Ozias Rodrigues, o “Shelby”, conhecido por extorsões; Dainey Aparecido da Costa, “Deniz Bet”, influenciador digital e operador de plataformas ilegais de apostas; e Renan Curvo da Costa, servidor público, intermediando valores para a rede criminosa.
O grupo utilizava empresas de fachada e laranjas para ocultar patrimônio, movimentando recursos incompatíveis com a renda declarada e legitimando o dinheiro ilícito. A ação judicial resultou em 10 prisões preventivas, 8 buscas e apreensões, 8 sequestros de imóveis e 12 bloqueios de contas e bens.
O patrimônio apreendido inclui casas, veículos de luxo e contas bancárias, somando mais de R$ 13,3 milhões. A operação ocorreu em Cuiabá, Várzea Grande, Nova Odessa (SP) e outros pontos de São Paulo, com apoio da Polícia Civil paulista, CORE e Gepol.
O trabalho integra o programa Tolerância Zero e a estratégia nacional Inter Partes, coordenada pela Renorcrim. A investigação revelou que a facção buscava não apenas lucro, mas também influência social e política, infiltrando-se em comunidades, patrocinando eventos esportivos e apoiando candidaturas locais.
A Operação Ludus Sordidus desmantelou um império milionário de lavagem de dinheiro e evidencia a necessidade de investigações integradas para combater redes criminosas complexas, que atuam do tráfico à esfera digital e financeira.