Conforme divulgado pelo Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, entre 1º de junho e 15 de outubro de 2025, o número de focos de calor no Pantanal caiu 96,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Foram registrados 185 pontos de calor contra 5.216 em 2024, segundo dados oficiais do Programa BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Monitoramento e resposta rápida
De acordo com o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Flávio Glêdson Vieira Bezerra, a redução expressiva é resultado direto da integração entre o poder público, produtores rurais e comunidades locais. “Realizamos um trabalho intenso de prevenção, com apoio da comunidade e o uso de uma sala específica para monitoramento de incêndios florestais. Todos os focos registrados foram controlados em até 48 horas”, afirmou durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa em 20 de outubro.
O monitoramento contínuo é feito pela Sala de Situação Descentralizada do Pantanal, instalada em Poconé. A unidade utiliza imagens de satélite e informações meteorológicas em tempo real, permitindo atuação imediata das equipes. Conforme apurado, nenhum dos focos registrados evoluiu para incêndio florestal, graças à resposta coordenada entre brigadistas e produtores parceiros.
Engajamento comunitário e tecnologia
O sistema SICRAIF (Sistema Integrado de Cadastro de Recursos para Apoio aos Incêndios Florestais) tem sido um dos pilares dessa estratégia. Com cerca de oito mil recursos cadastrados — entre maquinários, caminhões-pipa e aeronaves —, o banco de dados agiliza a mobilização local nas primeiras horas de combate.
Segundo o comandante Bezerra, “o produtor rural é o maior parceiro do Corpo de Bombeiros Militar. Agir com rapidez no princípio de incêndio é essencial para evitar grandes danos”. Essa abordagem reforça o modelo de gestão colaborativa que vem sendo adotado pelo estado, com foco em prevenção, tecnologia e capacitação.
Investimentos e resultados
O governo estadual investiu R$ 125 milhões em 2025 em ações de combate a incêndios e desmatamento ilegal. Os recursos financiaram desde o reforço de equipamentos até a ampliação da frota aérea e treinamento de equipes. Ao todo, 1.420 bombeiros, brigadistas e agentes ambientais participaram das operações, com apoio da Secretaria de Meio Ambiente e das forças de Segurança Pública.
Essas ações incluem as Operações Infravermelho e Abafa Amazônia, que já resultaram em R$ 285 milhões em multas e responsabilizações por uso irregular do fogo. Segundo o governo, o monitoramento inteligente 24 horas, premiado nacionalmente, integra dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e autorizações de queima controlada, permitindo vigilância em tempo real sobre todo o território mato-grossense.
Contexto ambiental e importância
O Pantanal mato-grossense é um dos biomas mais sensíveis às queimadas no país. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e relatórios do Inpe, o bioma sofreu perdas severas nos últimos anos devido ao avanço do fogo e das mudanças climáticas. A queda acentuada nos focos de calor em 2025 representa, portanto, um marco importante na recuperação ambiental e no fortalecimento da governança local.
Reportagem baseada em dados do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, Inpe e Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT). Documento oficial disponível no portal do Governo de Mato Grosso.
Dados adicionais:
- Redução: 96,4% nos focos de calor (2024–2025)
- Período analisado: 1º de junho a 15 de outubro
- Fonte: Programa BDQueimadas/Inpe
- Local: Pantanal, Mato Grosso
- Operações: Infravermelho e Abafa Amazônia
