Sinop (MT) — A Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), desarticulou uma organização criminosa que utilizava credenciais de servidores públicos para acessar sistemas governamentais e clonar veículos. A ação integra a Operação Código Seguro 3 e foi deflagrada após análise de material apreendido nas duas fases anteriores, conforme nota oficial da corporação.
Fraudes em sistemas públicos e clonagem de veículos
Conforme apurado pela reportagem, o grupo agia de forma altamente estruturada, explorando falhas de segurança em sistemas restritos de órgãos estaduais e federais. O objetivo era obter dados sigilosos — como chassis, motores e placas — para ‘esquentar’ veículos furtados ou roubados e revendê-los com aparência de legalidade. As investigações começaram em junho de 2023, após o vazamento de credenciais de servidores de diferentes estados.
Segundo o delegado Guilherme da Rocha, titular da DRCI, a investigação revelou que os suspeitos também usavam dispositivos conhecidos como jammers, capazes de bloquear sinais de rastreamento. “A Polícia Civil de Mato Grosso demonstra expertise no enfrentamento de crimes cibernéticos complexos e atua para proteger os interesses dos cidadãos no ambiente digital”, afirmou o delegado.
Estrutura da organização e principais alvos
O núcleo técnico da quadrilha era liderado por R.O.J.S., apontado como responsável por financiar operações e contratar programadores especializados. Um deles, identificado como D.D. — apelidado de “Ganso” ou “Dujob” —, foi considerado o programador central da organização. Ele criou plataformas e APIs (interfaces de programação) que permitiam o cruzamento e a integração dos dados obtidos ilegalmente.
Com o uso das senhas indevidamente obtidas, o grupo violava bases de dados restritas, falsificava informações e adulterava sinais identificadores dos veículos. O processo permitia que automóveis roubados circulassem e fossem revendidos sem despertar suspeitas.
Lavagem de dinheiro e uso de laranjas
Os lucros das fraudes eram ocultados por meio de lavagem de capitais e movimentações financeiras complexas. De acordo com a investigação, o grupo utilizava plataformas de apostas esportivas e corretoras de criptomoedas para simular ganhos lícitos. O dinheiro era pulverizado em contas de terceiros, incluindo familiares e pessoas próximas, como ex-namoradas e vizinhos dos principais investigados.
O delegado Gustavo Godoy Alevado, responsável pelo início das investigações, ressaltou que a terceira fase da Operação Código Seguro comprova a capacidade técnica das forças de segurança no combate a crimes digitais. “A internet não é uma terra sem lei. O Estado de Mato Grosso tem plenas condições de rastrear e responsabilizar criminosos virtuais”, afirmou.
Contexto e impacto
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que, em 2024, o Brasil registrou mais de 100 mil casos de fraudes envolvendo clonagem de veículos e adulteração de documentos automotivos. As operações como a Código Seguro refletem um esforço coordenado entre unidades estaduais e órgãos federais para reduzir o impacto financeiro e social dessas quadrilhas.
Sobre a Operação Código Seguro
- Início: Junho de 2023
- Fases: Três, entre julho de 2024 e outubro de 2025
- Crimes investigados: organização criminosa, invasão de dispositivo informático, lavagem de capitais, adulteração de sinal identificador e receptação
Reportagem baseada em nota oficial da Polícia Civil de Mato Grosso e dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
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