Matogrossense tentou suicídio após ter sido abusada por João de Deus aos 13 anos

Fonte: Wesley Santiago

Foto: Reprodução

A estudante Sarah Varnier, de 24 anos, natural de Cuiabá e que hoje mora em Curitiba (PR), afirmou ser uma das vítimas do médium João de Deus, preso no último domingo (16), acusado de abusar de mais de 300 mulheres. À época com 13 anos, ela morava em Tangará da Serra (244 quilômetros de Cuiabá) e foi levada pela avó até Abadiânia (GO). Após o crime, ela tentou cometer suicídio.

A jovem conta que procurou João de Deus porque estava em uma “depressão muito profunda”. À época, ela morava com a família em Mato Grosso e relata que foi junto com a avó até Abadiânia, em Goiás, onde João de Deus atendia.

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“Fui pra lá por um quadro depressivo. Quando voltei, estava muito pior. Tentei me matar, passei por coisas difíceis depois. Ele escolhe a vítima, escolhe a pessoa que está fragilizada para fazer alguma coisa. Eu estava fragilizada à época, fiquei sem reação”, disse a estudante, que hoje mora em Curitiba (PR).

A jovem já foi ouvida sobre o caso pelo Ministério Público, de acordo com a Casa da Mulher Brasileira de Curitiba (CMB), um espaço de atendimento às mulheres em situação de violência. O relato dela deve ser enviado à força-tarefa dedicada ao caso, que foi estabelecida em Goiás.

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O abuso

“Ele [João de Deus] pediu para minha avó sair e, daí, fechou a porta. Ele me levou para um corredor fino, com uns entulhos, e lá abusou de mim”, lembra a estudante. Na sequência, o médium disse que iria abaixar a calça dela para “limpar as energias”.

“Aí, ele abaixou minha calça, me levou pra esse corredor e me empurrou contra a parede. Ele me empurrava contra o corpo dele e passava a mão em mim, nos seios, na bunda…”, conta a jovem.

O médium só parou ao ver que ela usava um absorvente externo: “Ele parou e falou que estava tudo bem, que tinha equilibrado minhas energias, que eu estava bem e podia ir embora”, lembra Sarah.

Com medo e ainda abalada, Sarah afirma que não contou para a avó sobre o ocorrido: “Só falei para minha mãe quando voltei de viagem. Ela disse: ‘Você não vai conseguir provar. Vai ser difícil as pessoas acreditarem em você’”. Depois, ela recomendou que a filha não tocasse mais no assunto.

“A gente fingiu que nada tinha acontecido durante anos e anos”, explica Sarah, que acrescentou que João de Deus comete o abuso sexual de um forma “tão natural, como se fosse tomar água”.

A jovem revela que ainda tem “flashbacks”, 11 anos depois. “Me trato com psicólogo e psiquiatras. Tive que trabalhar muito para conseguir digerir. Ele tem que ter vergonha. A gente tem que denunciar, desmascarar essas pessoas”, afirma.

O caso

Após os relatos exibidos pelo programa “Conversa com Bial” e pelo jornal “O Globo“, em que 13 pessoas contaram terem sofrido abuso de médium, outras mulheres relataram o mesmo tipo de crime. Mais de 300 casos chegaram ao conhecimento do Ministério Público, segundo a promotora Gabriela Manssur, de São Paulo.

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Graduada na Faculdade La Salle na cidade de Lucas do Rio Verde - MT, estagiou na Secretaria de Educação do município na área de ensino. Atualmente, exerce a função de repórter e redatora no portal CenárioMT, editoria Mundo, Mato Grosso e Cidadania.