O Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou que seis municípios de Mato Grosso figuram entre os 20 mais violentos da Amazônia Legal, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (19). O estudo mostra que o estado encerrou 2024 com taxa de 29,8 mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes, resultado que o coloca com o terceiro maior índice da região.
Entre as cidades avaliadas, Vila Bela da Santíssima Trindade aparece no topo do ranking, com a maior taxa trienal de homicídios. Conforme o levantamento, o município registrou 12 mortes em 2022, 17 em 2023 e 42 em 2024, acumulando índice de 136,1 no período analisado.
Além de Vila Bela, entram na lista Nobres, Alto Paraguai, Barra do Bugres, Aripuanã e Sorriso. Os dados consideram a média proporcional de mortes violentas intencionais registradas entre 2022 e 2024, organizadas conforme faixas populacionais estabelecidas pelo Fórum.
A metodologia dividiu os municípios em quatro grupos: Pequeno 1 (até 20 mil habitantes), Pequeno 2 (de 20 mil a 50 mil), Médio (até 100 mil) e Grande (acima de 100 mil). A taxonomia busca equilibrar diferenças demográficas e comparar cenários semelhantes dentro da Amazônia Legal.
De acordo com o gerente de projetos do Fórum, David Marques, os municípios mato-grossenses enfrentam dinâmicas criminais marcadas por disputas territoriais. Ele explica que conflitos entre facções e dissidências internas têm impulsionado as taxas de homicídios nos últimos anos.
Marques cita episódios envolvendo a Tropa do Castelar, grupo com histórico de ligação com o PCC. Segundo ele, dissidências dessa facção, somadas à atuação de garimpeiros que buscam formar proto-milícias, ampliam tensões com o Comando Vermelho, que disputa espaço na região.
Em Nobres, por exemplo, o Fórum registrou confrontos diretos entre o PCC e o Comando Vermelho. Já em Alto Paraguai, a proximidade com as BR-163 e BR-364 torna a área estratégica, com domínio exercido pela Tropa do Castelar. A disputa por rotas de escoamento também colocou Barra do Bugres na mira das facções.
Outro ponto citado é a presença de garimpo ilegal e tráfico de drogas em Aripuanã, onde áreas indígenas são utilizadas por integrantes do Comando Vermelho para explorar garimpos clandestinos. Em Sorriso, a disputa entre CV e PCC se intensificou a partir de 2023, elevando a tensão local.
O relatório reforça que boa parte desses municípios possui características geográficas que favorecem atividades ilícitas, como rotas próximas à Bolívia e áreas de difícil acesso, fatores que ampliam o interesse de grupos criminosos na região.
Os dados apresentados devem agora subsidiar análises e ações de segurança voltadas para municípios classificados como críticos no estudo do FBSP. A expectativa é de que novas estratégias sejam discutidas entre governos estaduais e municipais para enfrentar o avanço das facções e reduzir indicadores de violência.
As informações foram divulgadas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
















