O setor energético de Mato Grosso comemora um avanço significativo com a retomada da elaboração do Balanço Energético Estadual, cuja última edição havia sido concluída em 2020. O novo estudo, que será conduzido pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em parceria com a Fundação Uniselva, foi contratado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) e oficializado no Diário Oficial desta segunda-feira (20).
A iniciativa é resultado de uma articulação entre a Sedec, o Sindenergia e a UFMT, com o objetivo de reconstruir uma ferramenta essencial para o planejamento energético do estado. O contrato, no valor de R$ 1,28 milhão, prevê o levantamento e a análise da matriz energética mato-grossense com base nos anos de 2021 a 2024, abrangendo todas as mesorregiões do território estadual.
O presidente do Sindenergia, Carlos Garcia, destacou que o novo balanço representa um passo fundamental para o futuro do setor. “Não há como planejar o futuro da nossa matriz energética sem conhecer a sua composição atual. O balanço é o primeiro passo para o planejamento energético do estado, e por isso trabalhamos junto às secretarias para sua retomada e aprovação”, afirmou.
Garcia reforçou ainda que o estudo permitirá identificar gargalos e propor soluções para destravar o desenvolvimento energético de Mato Grosso. “Nosso objetivo é traçar um planejamento que viabilize ações e investimentos capazes de desenvolver o potencial energético do estado, hoje limitado por desafios na infraestrutura elétrica”, completou.
Ele também agradeceu o apoio do governador Mauro Mendes, dos secretários César Miranda, Rogério Gallo e Fábio Garcia, além da equipe técnica da Sedec, especialmente a secretária adjunta de Energia Linacis Silva Vogel Lisboa, a superintendente de Agronegócios e Energia Camila Bez e o coordenador de Energia Teomar Magri.
Para Linacis Silva Vogel Lisboa, a retomada do balanço marca um novo momento na política energética mato-grossense. “Esse estudo é o ponto de partida para que o estado avance com segurança no planejamento de sua matriz energética. Ele permite identificar gargalos, mapear potencialidades e orientar investimentos, especialmente nas fontes renováveis que vêm ganhando força em Mato Grosso”, avaliou.
O professor Ivo Dorileo, coordenador do projeto pela UFMT, explicou que o trabalho terá abrangência técnica ampla, incluindo produção, transporte, distribuição e consumo de energia. “Mais de 50% dos estados brasileiros ainda não possuem balanço energético, o que é preocupante, pois sem ele não há base sólida para o planejamento. Mato Grosso se destaca, inclusive, por adotar uma metodologia inédita no país, com análises específicas por mesorregião”, pontuou.
Dorileo ressaltou que o levantamento será feito com metodologia científica consolidada e dados atualizados, identificando gargalos e potencialidades, sobretudo nas fontes renováveis, como solar, biomassa e biogás, segmentos em rápida expansão no estado.
O professor Danilo de Souza, integrante da equipe técnica da UFMT, destacou que o estudo também contribui para a descentralização do planejamento energético nacional. “Ao aprovar o projeto, o governo fortalece a governança energética e contribui para o processo de transição energética. É uma ferramenta que ajuda o estado a compreender seus usos energéticos e planejar o futuro com dados coesos e integrados ao balanço energético nacional”, afirmou.
Com execução prevista para 15 meses, prorrogáveis por mais 12, o novo Balanço Energético de Mato Grosso deverá se consolidar como uma base técnica de apoio a políticas públicas e investimentos privados, fortalecendo o papel do estado como referência em planejamento, sustentabilidade e transição energética no Brasil.