A Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso promove, entre 30 de setembro e 2 de outubro, no Senai Várzea Grande, o 3° Seminário de Línguas Maternas Indígenas, acompanhado da 2° Mostra de Práticas Exitosas de Ensino de Línguas Originárias.
A abertura contou com as boas-vindas da Superintendente de Equidade e Inclusão, Paula Souza Cunha, e do Coordenador de Educação Escolar Indígena, Lucas de Albuquerque Oliveira. A secretária adjunta de Gestão de Pessoas, Lucimeire Alves Cassiano, representou o secretário de Educação, destacando o compromisso do Estado com a preservação e fortalecimento das culturas indígenas por meio de uma educação bilíngue e intercultural.
O seminário, alinhado à Década Internacional das Línguas Indígenas (2022–2032), da UNESCO, inclui palestras, mesas redondas, exposições culturais e o Moitará, momento de troca entre comunidades. A Mostra de Práticas Exitosas apresentará experiências pedagógicas inovadoras das escolas estaduais indígenas.
Entre os palestrantes estão Altaci Corrêa Rubim Kokama, Chiquinha Paresí, Filadelfo Corezomaé, Karina Kambeba e Wellington Quintino, reconhecidos nacionalmente na defesa das línguas e saberes indígenas.
Atualmente, a rede estadual conta com 70 unidades de Educação Escolar Indígena, atendendo 6.699 alunos do Ensino Fundamental, 2.501 do Ensino Médio e 1.517 da Educação de Jovens e Adultos (EJA). São 1.114 professores indígenas contratados, garantindo a formação culturalmente adequada dos estudantes.
O ensino da Língua Materna é componente obrigatório da Área de Linguagens e ministrado por docentes fluentes, com o objetivo de valorizar o pertencimento étnico, fortalecer identidades culturais e promover a cidadania indígena.
O Estado de Mato Grosso se tornou referência nacional, tendo implantado em 2010 a primeira matriz curricular indígena do país e criado o Conselho de Educação Escolar Indígena (CEEI), que completa 30 anos em 2025. Além disso, inaugurou a Faculdade Indígena Intercultural das Américas (Faind), em Barra do Bugres, uma das cinco faculdades indígenas existentes no mundo.
Na infraestrutura, foram adotados modelos arquitetônicos sustentáveis e culturalmente inspirados. A Escola Estadual Indígena Enawenê Nawê, em Juína, é a mais recente, com previsão de entrega de mais cinco unidades. A Seduc também investe em materiais didáticos bilíngues, com 30 títulos publicados nos últimos cinco anos.
O seminário também aborda letramento, alfabetização e infâncias em contexto indígena, promovendo práticas pedagógicas centradas na oralidade e no aprendizado comunitário.
Com o evento, Mato Grosso consolida-se como o único estado brasileiro a realizar uma ação contínua em homenagem à Década Internacional das Línguas Indígenas, reafirmando seu papel de referência na valorização das línguas originárias.
Segundo Lucimeire Alves Cassiano, fortalecer o ensino das línguas indígenas é garantir a preservação das identidades e da memória cultural das próximas gerações.