O Governo de Mato Grosso destinou R$ 1,5 milhão para fortalecer a produção rural de 252 produtores indígenas Xavantes, conforme divulgado pela Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf). O investimento, realizado por meio do edital 2.2 do Fundo de Apoio à Agricultura Familiar (Fundaaf) e com apoio técnico da Empaer, busca ampliar a autonomia econômica e a segurança alimentar nas comunidades tradicionais.
Segundo a Seaf, Campinápolis, General Carneiro e Paranatinga concentram 73% dos beneficiários. O levantamento foi apresentado na Reunião Técnica Intersetorial de Alinhamento Estratégico, promovida na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus Barra do Garças, entre os dias 29 e 30 de outubro. O encontro reuniu representantes de secretarias estaduais, municípios parceiros e lideranças indígenas para discutir políticas de produção e soberania alimentar entre os povos Xavante.
Contexto e impactos
De acordo com o relatório do Fundaaf, o valor médio destinado a cada beneficiário é de R$ 5.956. A pecuária de corte representa cerca de 70% dos projetos aprovados, seguida pela olericultura (11%) e fruticultura (13%). As iniciativas têm como foco a diversificação produtiva e a sustentabilidade das comunidades.
Em Campinápolis, 90 indígenas receberam R$ 539,9 mil — 98% dos projetos são voltados à pecuária. Em General Carneiro, 57 produtores foram contemplados com R$ 341,2 mil, divididos entre pecuária (43,9%) e olericultura (38,6%). Já Paranatinga recebeu R$ 216,1 mil, beneficiando 37 produtores com iniciativas voltadas à agroindústria e atividades não agropecuárias. Em Barra do Garças, 30 beneficiários apostam na fruticultura, com destaque para o cultivo de mexerica.
Compromisso com o desenvolvimento indígena
Para a professora Rosaline Lunardi, coordenadora da reunião intersetorial da UFMT, o diálogo entre as instituições é essencial: “Propusemos essa reunião para que todas as entidades que atuam no território indígena compartilhem planejamento, dificuldades e desafios na implementação das políticas públicas”, afirmou.
O gestor territorial do Pontal e Médio Araguaia, Camilo Tavares Lopes, destacou o impacto direto do programa no Território Indígena São Marcos, em Barra do Garças. “Estamos desenvolvendo agroflorestas, plantio de mandioca e hortaliças, todas irrigadas com recursos do Fundaaf. Essa integração entre Seaf, Empaer, Funai e UFMT vai transformar a realidade alimentar das aldeias”, afirmou.
O coordenador do projeto MT Produtivo, Leonardo Vivaldini dos Santos, ressaltou a necessidade de ampliar a cooperação institucional para garantir a efetividade das ações. “O objetivo é sair dessas reuniões com compromissos concretos para promover cadeias produtivas e fortalecer a soberania alimentar das comunidades indígenas”, declarou.
Equidade e transparência
O relatório do Fundaaf indica que os investimentos seguem critérios de equidade, com valores próximos ao teto do programa em todos os municípios. Entre as recomendações, estão o monitoramento dos resultados da pecuária em Campinápolis, a expansão das cadeias produtivas e o fortalecimento de parcerias com cooperativas e associações indígenas. As ações estão alinhadas às diretrizes da Política Estadual de Agricultura Familiar e da Agenda 2030 da ONU, no eixo de redução da pobreza rural.
Reportagem baseada em informações da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), Empaer e Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Box informativo — Dados complementares
- Beneficiários: 252 produtores indígenas Xavantes.
- Municípios contemplados: Campinápolis, General Carneiro, Paranatinga, Barra do Garças, e outros quatro.
- Investimento total: R$ 1,5 milhão (edital Fundaaf 2.2).
- Principais atividades: pecuária de corte, olericultura e fruticultura.
- Evento técnico: Reunião Intersetorial de Segurança Alimentar Xavante (UFMT, 29-30/10).
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