Mato Grosso está em alerta máximo contra o sarampo

Para conter a ameaça, a recomendação é clara: moradores das cidades fronteiriças devem procurar os postos de saúde para garantir sua imunização.

Fonte: CENÁRIOMT

Dia D de mobilização da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo.
Mato Grosso está em alerta máximo contra o sarampo Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mato Grosso está em estado de alerta máximo para evitar a reintrodução do sarampo, uma doença infecciosa altamente contagiosa. Com a vizinha Bolívia enfrentando uma emergência sanitária devido ao aumento de casos, o estado reforçou as ações de vigilância epidemiológica e intensificou a campanha de vacinação, especialmente nos municípios que fazem fronteira com o país vizinho.

Embora Mato Grosso não registre casos confirmados da infecção viral em 2025 – das 20 notificações até o momento, 19 foram descartadas e uma segue em investigação – a preocupação é crescente. A “fronteira seca” de aproximadamente 730 km com a Bolívia, caracterizada por intensa movimentação populacional, é o principal motivo para a vigilância redobrada.

Cidades como Cáceres, Comodoro, Pontes e Lacerda, Porto Esperidião e Vila Bela da Santíssima Trindade são consideradas estratégicas devido à alta mobilidade de pessoas com regiões bolivianas já afetadas pelo sarampo.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), a Bolívia declarou Emergência Sanitária Nacional em junho passado devido ao surto da doença. Até 8 de julho, o país vizinho já havia confirmado mais de 90 casos.

Para conter a ameaça, a recomendação é clara: moradores das cidades fronteiriças devem procurar os postos de saúde para garantir sua imunização. “Essa medida preventiva de reforçar a vacinação nessas áreas segue a recomendação de nota técnica do Ministério da Saúde, com o objetivo de aumentar a proteção da população mato-grossense em áreas mais vulneráveis à circulação do vírus”, explicou Alessandra Moraes, superintendente de Vigilância em Saúde da SES-MT.

Em Cáceres, a Prefeitura já confirmou a intensificação da vacinação contra o sarampo, reconhecendo o elevado risco de circulação do vírus devido à proximidade com as áreas afetadas, o que exige atenção redobrada das famílias com crianças pequenas.

A principal estratégia adotada pela Secretaria de Saúde é a aplicação da dose zero da vacina em crianças entre 6 meses e 11 meses e 29 dias. “Esta imunização extra não substitui as doses do calendário vacinal de rotina, mas representa uma proteção antecipada diante do atual cenário”, informou a assessoria da SES-MT. Além disso, a vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) está disponível para quem tem entre 9 meses e 59 anos.

A Secretaria de Saúde informou que já distribuiu aos municípios 151.003 doses da vacina tríplice viral, com 57.515 doses aplicadas neste ano. Contudo, a cobertura estadual ainda precisa melhorar: a primeira dose atingiu 87,9%, e a segunda dose, 68,5%. O ideal seria 95% para ambas as doses, um alvo crucial para a imunidade de rebanho.

A SES-MT assegura que está atuando em parceria com os municípios, garantindo a distribuição de vacinas, o monitoramento da cobertura vacinal, a investigação de casos suspeitos, a capacitação de profissionais e a assessoria para ações preventivas.

Às gestões municipais, algumas das recomendações incluem a busca ativa de não vacinados, a notificação de casos suspeitos com exantema (manchas na pele) em até 24 horas, a coleta de amostras para diagnóstico laboratorial e o isolamento do paciente até a confirmação.

“Os viajantes que tiverem febre e manchas vermelhas devem evitar contato com outras pessoas e procurar a assistência de saúde”, orientou Alessandra Moraes.

Vale ressaltar que Mato Grosso permaneceu mais de duas décadas sem casos confirmados de sarampo, com os últimos registros entre 1998 e 1999. Em 2020, houve um caso isolado em Lucas do Rio Verde de uma criança de 7 meses, que se recuperou após hospitalização.

O que é Sarampo?

De acordo com o Ministério da Saúde, o sarampo é uma doença infecciosa altamente contagiosa, causada por um vírus transmitido por gotículas expelidas ao tossir, falar ou espirrar. No passado, foi uma das principais causas de mortalidade infantil globalmente.

O período de incubação pode chegar a 14 dias, e os sintomas incluem febre, dor de cabeça, manchas vermelhas na pele e conjuntivite. Em casos mais graves, a doença pode evoluir para pneumonia, meningite e, tragicamente, levar à morte.