O estado de Mato Grosso, que historicamente figura entre os líderes em número de casos de hanseníase no Brasil, está em busca de uma nova estratégia para combater a doença. A Assembleia Legislativa (ALMT) realizou a quarta reunião de seu grupo de trabalho para discutir a revisão dos critérios de saúde que influenciam a distribuição do ICMS aos municípios.
Atualmente, o principal indicador utilizado é a taxa de cura da doença, mas especialistas e gestores concordam que essa métrica não reflete a realidade do problema. O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Guilherme Maluf, destacou que o tratamento da hanseníase pode levar anos, tornando a cura um parâmetro instável para medir o desempenho anual de uma cidade.
Segundo Maluf, é preciso criar indicadores mais consistentes para garantir a qualidade das políticas públicas de saúde e o investimento adequado. Ele também defendeu a capacitação de médicos da atenção básica para aprimorar o diagnóstico precoce, medida crucial para interromper a transmissão da doença.
Como resultado da reunião, o grupo de trabalho deve propor a inclusão de pelo menos R$ 2 milhões no orçamento de 2026 para fortalecer as ações de combate à hanseníase. A superintendente de Vigilância em Saúde do estado, Alessandra Moraes, afirmou que a criação de um novo critério, mais justo e embasado em estudos técnicos, é essencial para avaliar o real compromisso de cada cidade. Ela também informou que o problema de falta de medicamento infantil já está sendo solucionado.
A iniciativa de aprofundar o debate e buscar soluções para a hanseníase em Mato Grosso é resultado de uma parceria entre a ALMT, o TCE, a Secretaria de Saúde e outras entidades. A próxima reunião para dar continuidade às discussões está agendada para o dia 5 de setembro.