A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) promoveu uma audiência pública nesta segunda-feira (1º) para debater o potencial de produção de fertilizantes no estado a partir da mineração. O objetivo é criar uma alternativa para o agronegócio, que hoje depende da importação de insumos.
O debate, solicitado pela deputada Sheila Klener, reuniu especialistas e representantes de órgãos federais e estaduais para discutir como os “agrominerais” podem ser uma solução. A parlamentar destacou que o recurso já está disponível no solo mato-grossense e a produção local seria mais sustentável.
Segundo o pesquisador Francisco Pinho, estudos sobre rochas alcalinas no estado mostram que é possível produzir fertilizantes de fósforo e potássio, oferecendo uma opção ao produtor local. No entanto, ele ressaltou que, para o projeto avançar, é necessário um alto investimento público em pesquisa geológica. O especialista também apontou a falta de interesse do setor privado, que se concentra em minérios com retorno financeiro mais rápido, como o ouro.
Em resposta a esse desafio, a deputada Sheila Klener solicitou a criação de um Centro de Tecnologia Mineral em Mato Grosso, enquanto o representante do Ministério da Agricultura, José Carlos Polidoro, defendeu a criação de um programa estadual para o desenvolvimento da área.
Fim da vulnerabilidade e ganhos ambientais
O presidente da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), Caiubi Kuhn, destacou a vulnerabilidade do Brasil em depender de fertilizantes estrangeiros, citando eventos como conflitos internacionais e crises de câmbio. Ele defendeu que a produção local é uma alternativa estratégica.
O professor também mencionou os benefícios ambientais da técnica: a rocha moída, ao ser aplicada na lavoura, fornece nutrientes essenciais e, segundo estudos, aumenta a retenção de CO2 no solo.