Mato Grosso alcança status de zona livre de febre aftosa sem vacinação

O impacto econômico é significativo. Em 2023, as exportações de carne bovina de Mato Grosso somaram US$ 2,1 bilhões, com a Ásia como principal destino, segundo a Abiec.

Fonte: CENÁRIOMT

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Mato Grosso alcança status de zona livre de febre aftosa sem vacinação

Após mais de quatro décadas de esforços, Mato Grosso será oficialmente reconhecido como zona livre de febre aftosa sem vacinação, o status sanitário mais elevado concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). A certificação será entregue em 29 de maio, durante a 92ª Assembleia Mundial da entidade, em Paris, com a presença de delegações de mais de 180 países.

Este é um momento crucial para o principal produtor de proteína animal do Brasil. Uma comitiva mato-grossense, liderada pelo vice-governador Otaviano Pivetta e composta por representantes da Sedec, Indea, Acrimat, Famato, Acrismat, FESA, Imac e produtores rurais, embarca para a Assembleia, que começa em 25 de maio e culmina com as certificações no dia 29.

O reconhecimento marca o fim de uma jornada iniciada na década de 1970, quando a febre aftosa era uma ameaça constante ao rebanho de Mato Grosso. O último foco da doença no estado foi registrado em 1996. Com campanhas de vacinação e a estruturação de instituições como o Indea (criado em 1979) e fundos emergenciais como o FEFA e FESA-MT, o estado conquistou o status de zona livre com vacinação em 2001. Naquela época, o rebanho era de 22 milhões de cabeças; hoje, Mato Grosso possui o maior rebanho bovino do Brasil, com 33 milhões de animais, segundo o Indea.

A evolução é detalhada no livro “Adeus ao Vírus – Erradicação da Febre Aftosa: a participação de Mato Grosso na maior epopeia veterinária das Américas”, dos jornalistas Martha Medeiros e Sérgio Oliveira, que destaca o esforço conjunto de entidades públicas e privadas.

Impacto econômico e acesso a novos mercados

Para o governador Mauro Mendes, essa certificação histórica é mais uma prova da qualidade do rebanho bovino e suíno do estado e do trabalho articulado entre o poder público e o setor produtivo. “A certificação mostra que o produtor de Mato Grosso é extremamente competitivo e por isso nosso Estado tem avançado cada vez mais no cenário global. Uma grande vitória para Mato Grosso e para o agronegócio mato-grossense”, avalia.

Juliano Latorraca Ponce, gerente executivo do FESA-MT, reforça que a certificação sem vacinação eleva o estado a um novo patamar de competitividade global. Desde o primeiro certificado em 2001, Mato Grosso viu a valorização do rebanho e investimentos em genética, manejo e tecnologia. Com o novo status, a expectativa é de um salto ainda maior. “Vamos acessar mercados mais exigentes e valorizados, com maior valorização do nosso rebanho e dos produtos suínos e bovinos. O FESA continuará como pilar estratégico na vigilância sanitária e na resposta rápida a qualquer ameaça futura”, comenta.

César Miranda, secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, enfatiza que essa conquista é fruto de décadas de trabalho coletivo. “Esse é um momento histórico. Vamos abrir portas para países como Japão e Coreia do Sul, que só compram carne de zonas reconhecidas como livres sem vacinação. A certificação traz ganhos não só à bovinocultura, mas também à suinocultura, que poderá expandir exportações. Mato Grosso mostra mais uma vez que é referência em produzir com qualidade, responsabilidade ambiental e inovação”, afirma.

Rogério Gallo, secretário de Estado de Fazenda, complementa que a certificação permitirá que a carne mato-grossense acesse mercados altamente exigentes, como o japonês, impulsionando as exportações e estabilizando os preços pagos aos produtores, o que garantirá melhor renda para milhares de pecuaristas.

Expansão da área certificada e desafios futuros

Emanuele Almeida, presidente do Indea, destaca que é a primeira vez que todo o território de Mato Grosso será certificado com o mais alto status sanitário. Anteriormente, apenas os municípios de Juína, Colniza, Aripuanã e Rondolândia tinham esse status por fazerem divisa com Rondônia, que já era livre de febre aftosa sem vacinação. “Já tínhamos uma pequena área reconhecida, mas agora é o Estado inteiro. É um sonho realizado, resultado do trabalho incansável de equipes técnicas, produtores e instituições ao longo de décadas”, disse.

A médica veterinária Ana Schmidt, do Indea, responsável pelo programa de vigilância da febre aftosa, ressalta que o desafio agora é manter a vigilância ativa e um sistema de notificação eficiente. “Sem a vacinação, a atenção deve ser redobrada. A vigilância é nosso principal escudo contra a reintrodução do vírus”.

O impacto econômico é significativo. Em 2023, as exportações de carne bovina de Mato Grosso somaram US$ 2,1 bilhões, com a Ásia como principal destino, segundo a Abiec. O status de livre sem vacinação deve ampliar ainda mais esse desempenho, fortalecendo o agronegócio local e consolidando o estado como uma potência sanitária global.