Lucas do Rio Verde: O Coração da Ferrovia Transoceânica

O Megaprojeto que Sonha Ligar o Atlântico ao Pacífico e divide opiniões

Fonte: CenárioMT

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Ferrovia Transoceânica - Foto montagem/CenárioMT

LUCAS DO RIO VERDE, MT – Um dos projetos de infraestrutura mais ambiciosos e polêmicos da história recente do Brasil, a chamada Ferrovia Transoceânica, volta a ser tema de discussões internacionais. A proposta, que visa conectar o Oceano Atlântico ao Pacífico, traçando um caminho de milhares de quilômetros de trilhos, é vista por seus defensores como um divisor de águas para o comércio exterior do país. Contudo, críticos alertam para os riscos ambientais e sociais de uma obra de proporções tão colossais.

O ponto de partida do projeto, ainda no papel, seria a região de Lucas do Rio Verde, no coração da produção de grãos de Mato Grosso. De lá, a ferrovia seguiria por cerca de 1.760 km em território brasileiro até a fronteira com o Peru. Em terras peruanas, o trajeto se estenderia por outros 2.640 km, passando por trechos de floresta e pela desafiadora Cordilheira dos Andes, até alcançar o porto de Bayóvar, no litoral do Oceano Pacífico.

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A Lógica por trás da Megaconstrução

A principal motivação por trás da Ferrovia Transoceânica é logística. O projeto busca criar um corredor de exportação alternativo para os produtos agrícolas brasileiros, como a soja, destinados principalmente aos mercados asiáticos. Atualmente, a maior parte dessa produção é escoada por portos na costa leste do Brasil, exigindo longas viagens marítimas que atravessam o Canal do Panamá.

Com a ferrovia, os produtos poderiam chegar ao Pacífico em menos tempo, potencialmente reduzindo custos de transporte e aumentando a competitividade do agronegócio nacional. A ideia é tão estratégica que despertou o interesse de potências como a China, que vê no projeto uma oportunidade de fortalecer laços comerciais e garantir um acesso mais eficiente aos recursos naturais da América do Sul.

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Controvérsias e o preço de um sonho bilionário

Apesar dos benefícios econômicos prometidos, o projeto enfrenta uma série de obstáculos e críticas contundentes. O maior deles é o impacto ambiental. A rota proposta atravessaria trechos da Amazônia, uma das florestas mais biodiversas do planeta. Especialistas e ambientalistas temem que a construção da ferrovia cause desmatamento em larga escala, fragmentação de habitats e facilite o acesso de madeireiros e grileiros a áreas de preservação.

Além das questões ambientais, o projeto também levanta preocupações sociais. A ferrovia passaria por territórios de comunidades indígenas e tradicionais, que poderiam ser afetadas pela obra, tanto pela perda de seus habitats naturais quanto pela alteração de seu modo de vida.

Os custos estimados da ferrovia, na casa dos bilhões de dólares, e a complexidade de construir em terrenos tão diversos – de planícies de floresta a montanhas andinas – também são fatores que mantêm o projeto no campo da incerteza. Por enquanto, a Ferrovia Transoceânica permanece como uma ideia grandiosa, simbolizando tanto o potencial econômico do Brasil quanto o desafio de equilibrar desenvolvimento e sustentabilidade.

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