Inadimplência volta a crescer e atinge 44% da população em Mato Grosso

Levantamento do SPC Brasil aponta que mais de 1,1 milhão de mato-grossenses estão com contas em atraso; dívidas bancárias puxam aumento em setembro.

Fonte: CenárioMT

Inadimplência volta a crescer e atinge 44% da população em Mato Grosso
Foto ilustrativa

“O consumidor precisa se planejar, ou a inadimplência continuará crescendo.” A frase do presidente da CDL Cuiabá, Júnior Macagnan, resume a preocupação do setor com o avanço das dívidas em Mato Grosso. Dados recentes do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que o número de pessoas com contas em atraso subiu 0,81% em setembro, alcançando 1,153 milhão de registros — o equivalente a 44,22% da população estadual.

O relatório, divulgado nesta semana, evidencia uma desaceleração em relação ao ritmo nacional, mas ainda aponta preocupação. Na comparação com setembro de 2024, o estado teve alta de 7,7%, abaixo da média do Centro-Oeste (+8,16%) e do país (+8,91%). Em apenas 30 dias, 9.268 novos nomes foram inseridos nos cadastros de inadimplentes.

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O sistema financeiro segue como principal origem das dívidas, representando 53,01% do total. Logo depois aparecem os débitos com comércio, serviços de energia, água e telecomunicações. “O crédito fácil é uma armadilha silenciosa”, adverte Macagnan. “Com a contratação simplificada, muitos acabam comprometendo mais do que o orçamento permite.”

Pressão dos bancos e perfil do devedor

Entre agosto e setembro, as dívidas junto a bancos e financeiras aumentaram 0,86%, enquanto as ligadas ao comércio recuaram 1,06%. Em doze meses, o contraste é ainda maior: avanço de 8,1% nas contas bancárias e queda de 11,41% nas do varejo. A CDL Cuiabá atribui o fenômeno à seletividade das lojas físicas e ao endividamento persistente de famílias que recorrem a cartões e empréstimos consignados.

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O levantamento do SPC, analisado pelo Núcleo de Inteligência de Mercado da CDL, traça um retrato detalhado do inadimplente mato-grossense. A idade média é de 43,6 anos, com homens representando 53,6% do total. A faixa entre 30 e 49 anos responde por 49,26% dos casos — justamente o grupo economicamente mais ativo. Em média, cada consumidor deve R$ 5.559,17, somando R$ 6,4 bilhões em dívidas espalhadas por 2,665 milhões de contas em atraso.

O tempo médio de permanência no cadastro negativo é de 2,3 anos, e 37,19% dos devedores têm compromissos vencidos entre um e três anos. Um dado que chama atenção é a persistência das dívidas antigas: em 2024, cerca de 28% dos inadimplentes já acumulavam pendências há mais de dois anos — índice que subiu quase 10 pontos percentuais neste ano, segundo projeções internas da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Centro-Oeste.

Educação financeira e recuperação de crédito

Diante do cenário, a CDL reforça as ações de educação financeira e renegociação. “O consumidor precisa voltar a confiar e ser confiável no mercado”, destaca Macagnan. A entidade tem mantido programas de orientação e mutirões de negociação que ajudam a reduzir juros e parcelar dívidas antigas.

Para especialistas, o desafio é conter o ciclo de endividamento em meio à retomada econômica. Sinop, por exemplo, registrou aumento de 23% nas renegociações de crédito entre janeiro e setembro deste ano, reflexo direto das campanhas de conscientização e da pressão por regularização de CPF. Essa movimentação indica, segundo analistas do SPC, uma leve tendência de estabilização para o último trimestre de 2025.

Com quase metade da população de Mato Grosso endividada, o problema se tornou não apenas econômico, mas social. Planejar gastos e buscar orientação financeira são medidas urgentes para evitar que o endividamento continue comprometendo o poder de compra das famílias.

As informações foram confirmadas pela assessoria da Polícia Civil e pela CDL Cuiabá, com base em dados oficiais do SPC Brasil.

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Um criador de conteúdo e entusiasta de jogos e tecnologia, trabalha como redator no CenárioMT, é analista de TI e game designer no tempo livre.