Um homem de 59 anos foi preso na manhã desta quarta-feira (22) pela Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), em Cuiabá, sob suspeita de ter abusado sexualmente de duas irmãs, filhas de um casal para quem prestava serviços há mais de uma década. O mandado de prisão preventiva foi expedido pela 14ª Vara Criminal da capital e cumprido na residência do acusado, no bairro Residencial Coxipó.
Segundo as investigações, conduzidas pela equipe da Deddica, o homem era considerado uma pessoa de confiança da família, atuando em funções de pedreiro e pintor por cerca de 16 anos. A confiança, no entanto, encobria uma rotina de abusos que teria começado quando uma das meninas tinha entre sete e oito anos. A irmã mais nova também teria sido vítima, ainda aos quatro anos.
O caso veio à tona quando a mãe das meninas percebeu uma mudança repentina no comportamento de uma das filhas. Ao ser questionada, a criança relatou que o suspeito costumava chamá-la para “brincar” quando a mãe não estava por perto — momento em que os abusos ocorriam. A menor contou ainda que o homem ameaçava as irmãs para impedir que elas contassem o que acontecia, dizendo que poderia prejudicar ou processar a mãe.
Abuso de vulnerável e contexto regional
O crime é classificado pelo Código Penal como estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A, cuja pena pode chegar a 15 anos de reclusão. Em Mato Grosso, casos desse tipo registraram alta de 19% em 2024, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (Sesp-MT). Em mais de 80% das ocorrências, os agressores eram pessoas próximas das vítimas — padrastos, parentes ou profissionais que frequentavam a casa, como neste episódio em Cuiabá.
De acordo com os investigadores, a violência sexual infantil praticada por pessoas de confiança costuma permanecer oculta por longos períodos, justamente pela manipulação emocional e pelas ameaças às vítimas. “Esses crimes exigem uma abordagem cuidadosa e uma escuta especializada, já que o trauma psicológico é profundo e muitas vezes impede o relato imediato”, explicou um dos delegados responsáveis pela operação.
Mandado cumprido e desdobramentos
Com base nas provas colhidas e nos depoimentos, a Polícia Civil representou pela prisão preventiva do suspeito, que foi deferida pela Justiça. O acusado foi encontrado em sua casa e conduzido à sede da Deddica, onde prestou depoimento. Ele deve responder pelo crime em regime fechado, até nova decisão judicial.
A investigação segue em andamento para apurar se há outras possíveis vítimas. Casos de suspeita de abuso contra menores podem ser denunciados de forma anônima pelo Disque 100 ou pelos canais da Polícia Civil.
As informações foram confirmadas pela assessoria da Polícia Civil de Mato Grosso.
