Nos últimos meses, Sinop tem se mantido entre as cinco cidades de Mato Grosso com maior número de ocorrências de violência doméstica. De acordo com levantamento da Secretaria de Segurança Pública (Sesp-MT), os registros desse tipo de crime cresceram 18% em 2024 em relação ao ano anterior — um reflexo de denúncias mais frequentes e de um cenário social em que as agressões familiares continuam sendo um desafio diário para as forças de segurança.
Foi nesse contexto que, na noite deste domingo (19), policiais do 11º Batalhão da Polícia Militar prenderam em flagrante um homem de 25 anos acusado de tentar matar a companheira no bairro Jardim Veneza, em Sinop, a cerca de 480 quilômetros de Cuiabá. O caso chocou a vizinhança, não apenas pela brutalidade da agressão, mas pelo fato de a filha do casal, de apenas 13 anos, também ter sido ferida ao tentar defender a mãe.
Segundo o boletim de ocorrência, por volta das 22h, uma denúncia via 190 alertou as equipes sobre uma briga em andamento. Ao chegarem ao local, os policiais encontraram o suspeito já contido por um vizinho, que afirmou ter agido para evitar que o pior acontecesse. A vítima relatou que foi enforcada e ameaçada de morte sem qualquer motivo aparente, e que o agressor já havia prometido, em outras ocasiões, que ‘pisaria em sua garganta’ para matá-la.
Filha ferida e tentativa de resistência
Durante a confusão, a filha adolescente tentou intervir e acabou empurrada com força, caindo ao chão. Outras duas crianças — uma de 10 anos e uma bebê de três meses — estavam na residência e presenciaram parte da violência. O suspeito ainda tentou resistir à abordagem policial, mas foi imobilizado e conduzido à delegacia. Nenhuma arma foi localizada durante as buscas na casa de um vizinho que teria intervido no conflito.
O caso reacende o debate sobre a eficácia das medidas protetivas e o atendimento às vítimas. Segundo dados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, apenas em 2024 foram concedidas mais de 1.200 ordens de restrição em Sinop, mas boa parte das mulheres ainda enfrenta barreiras para denunciar — seja por medo, dependência financeira ou falta de acolhimento especializado.
Contexto e prevenção
Especialistas apontam que episódios como esse são sintomas de uma violência estrutural que se repete em ciclos. A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) garante proteção e assistência às vítimas, mas sua efetividade depende de articulação entre órgãos públicos e comunidades locais. Em Sinop, o 11º Batalhão mantém o programa Patrulha Maria da Penha, que monitora reincidentes e dá suporte a famílias em situação de risco.
O homem detido foi levado à Delegacia de Polícia Civil, onde permanece à disposição da Justiça. As crianças ficaram sob os cuidados de familiares e a mulher recebeu atendimento médico e psicológico. O caso segue sob investigação.
Denúncias de violência doméstica podem ser feitas de forma anônima pelos telefones 190 ou 0800 065 3939, canais oficiais da Polícia Militar. As informações foram confirmadas pela assessoria da PM-MT.