Um homem de 33 anos foi indiciado pela Polícia Civil de São José do Xingu, Mato Grosso, após confessar ter inventado um roubo para justificar um acidente com a caminhonete do patrão. O caso, inicialmente tratado como roubo majorado, foi esclarecido após quase um mês de diligências, mobilizando efetivo policial e recursos públicos sem necessidade.
De acordo com informações divulgadas pela Delegacia de São José do Xingu, o trabalhador procurou a polícia no dia 16 de setembro, relatando que dois homens encapuzados teriam invadido o sítio onde vivia e levado a caminhonete, fugindo em direção à BR-080 (MT-322). O homem chegou a afirmar que os criminosos abandonaram o veículo após um acidente e, com ajuda de comparsas, roubaram um segundo carro para continuar a fuga.
O relato, porém, começou a ruir à medida que a equipe de investigação cruzava dados e percorria a suposta rota de fuga. Nenhum dos automóveis descritos foi encontrado e nenhuma testemunha confirmou a presença de suspeitos na área. Diante das inconsistências, o denunciante foi novamente ouvido e acabou admitindo que havia inventado toda a história.
Mentira exposta pela investigação
Segundo o delegado Onias Estevam Pereira Filho, o homem havia pegado o veículo sem autorização para ir até o distrito de Santo Antônio do Fontoura. No retorno, perdeu o controle da caminhonete e caiu em uma vala. Para evitar ser responsabilizado pelos danos, decidiu simular um roubo, chegando a enviar áudios em grupos de WhatsApp para reforçar a mentira. Após o depoimento, ele ainda tentou difamar os policiais locais, atitude também registrada nos autos.
O inquérito foi concluído e encaminhado ao Ministério Público e ao Poder Judiciário para análise. O investigado responderá pelo crime de falsa comunicação de crime, previsto no artigo 340 do Código Penal, cuja pena pode chegar a seis meses de detenção ou multa.
Impacto e consequências
Casos de falsas denúncias como esse geram prejuízos operacionais e desviam esforços das forças de segurança. Em 2024 houve aumento de 27% nas ocorrências classificadas como comunicações inverídicas, sobretudo em cidades do norte e nordeste do estado. Cada falsa denúncia pode consumir horas de trabalho e recursos que deveriam ser destinados a investigações reais.
O delegado ressaltou que o comportamento do indiciado provocou desperdício de tempo e combustível, além de comprometer o atendimento a outros chamados. “A mentira mobilizou policiais civis e militares que poderiam estar atuando em ocorrências verdadeiras”, afirmou.
O caso reforça a importância de responsabilizar quem faz denúncias falsas. Situações desse tipo configuram crime e prejudicam o funcionamento do sistema de segurança pública. A população pode colaborar denunciando informações verídicas de forma anônima pelo Disque 197 da Polícia Civil.
As informações foram confirmadas pela assessoria da Polícia Civil de São José do Xingu.