A descoberta de boletos falsos e um veículo registrado indevidamente em nome de um morador de Sorriso acendeu um novo alerta sobre o avanço dos golpes de estelionato digital em Mato Grosso. O caso, que envolve o proprietário de uma autoescola local, está sendo investigado pela Polícia Civil e levanta suspeitas de uso indevido de reconhecimento facial vinculado ao aplicativo GOV.BR.
O homem procurou a delegacia após notar movimentações estranhas em seu aplicativo bancário. Ele relatou ter encontrado três boletos em seu nome, todos de instituições diferentes: um do Aymoré no valor de R$ 5.044,59, outro do Itaú de R$ 3.579,25 e um terceiro do Bradesco Seguros, de R$ 587,25. Nenhuma das transações havia sido autorizada por ele.
Além disso, o denunciante recebeu e-mails supostamente emitidos pelo Detran informando sobre a transferência e venda de um veículo, o que o levou a verificar sua Carteira Digital. Para sua surpresa, constava o registro de uma Fiat Toro 2019 em seu nome — mesmo sem jamais ter adquirido o automóvel.
Segundo relato feito aos investigadores, o homem recentemente deu entrada no processo de mudança de categoria de sua CNH em uma autoescola da cidade. Durante o procedimento, o dono do estabelecimento teria tirado fotos de seu rosto com o próprio celular, alegando que seriam utilizadas para a atualização no sistema. Pouco tempo depois, começaram as ocorrências suspeitas.
Golpes com biometria crescem no interior
Casos de clonagem de identidade e falsificação de documentos com uso de dados biométricos têm se tornado mais frequentes no interior do estado. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública, os registros de estelionato digital aumentaram 23% em 2024 em cidades do norte mato-grossense, com Sorriso e Sinop entre as mais afetadas. Especialistas alertam que o compartilhamento indevido de informações faciais pode permitir o acesso a serviços bancários e plataformas governamentais.
Autoridades orientam a população a evitar repassar fotos e dados pessoais fora de ambientes oficiais e a desconfiar de solicitações não verificadas, mesmo de instituições conhecidas. Em caso de suspeita de fraude, o cidadão deve registrar boletim de ocorrência e comunicar imediatamente o banco envolvido para bloqueio das operações.
O caso foi registrado na Delegacia de Polícia Civil de Sorriso, que agora trabalha para confirmar se o empresário realmente utilizou as imagens do cliente para cometer o crime. As informações foram confirmadas pela assessoria da Polícia Civil.
