A Polícia Civil de Mato Grosso desvendou um esquema sofisticado de jogos de azar ilegais que canalizava 80% dos lucros para uma facção criminosa.
A descoberta ocorreu durante a Operação Raspadinha do Crime, que investigou a atuação de membros da organização na produção e distribuição de bilhetes.
O crime utilizava a marca “Raspa Brasil” e era promovido por influenciadores digitais — incluindo menores de idade — que usavam as redes sociais para criar uma narrativa de sorte e sucesso financeiro, dissociando a atividade do crime organizado.
Estrutura e coerção do crime
A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) identificou que a facção estabeleceu uma forte hierarquia com núcleos regionais e pontos de venda chamados “quebradas”, coordenadas por membros conhecidos como “irmãos”.
Esses “irmãos” eram responsáveis por:
- Distribuir os bilhetes em comércios.
- Controlar a contabilidade e prestar contas.
- Enviar os 80% dos lucros ao núcleo financeiro central da facção.
Para garantir a lucratividade, os membros intimidavam comerciantes e usavam a “disciplina” da facção contra quem descumprisse as normas.
O valor dos bilhetes era de R$ 5, com promessas de prêmios de até R$ 50 mil. No entanto, a investigação revelou que, no material apreendido, não havia registro de prêmios superiores a R$ 100, indicando que a alta margem de lucro era direcionada quase integralmente para a facção. A distribuição das raspadinhas era feita por transportadoras, disfarçada com notas de carga simuladas.