Ex-secretário de Saúde de Cuiabá deixa a prisão após 10 dias e Justiça cita delação

Fonte: G1 MT

Foto: Luiz Gonzaga Neto/TV Centro América

O ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Huark Douglas Correia, deixou a prisão na tarde dessa sexta-feira (28), após permanecer 10 dias preso sob a acusação de integrar uma organização criminosa que montou um esquema para monopolizar a saúde em Mato Grosso.

A decisão da desembargadora Antônia Siqueira Gonçalves, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), se estende ao médico Fábio Liberali Weissheimer, também preso na segunda fase da Operação Sangria.

[Continua depois da Publicidade]

Segundo a magistrada, Huark e Fábio não demonstram intenção de frustrar as apurações investigativas, tanto que colaboraram com a polícia ao delatar comparsas e confessar a prática delitiva.

Huark e Fábio estão proibidos de manterem contato, por qualquer meio, com outros suspeitos e testemunhas do processo; de comparecer às sedes das empresas envolvidas e das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde; não poderão deixar o município de Cuiabá; além de manterem seus endereços atualizados nos autos e comparecerem a todos os atos do processo para os quais forem intimados.

[Continua depois da Publicidade]

“Assim, não sendo a concessão da liminar primeira fundada em requisitos exclusivamente subjetivos do paciente, entendo que, com base no princípio da isonomia, deve ser estendido o benefício aos requerentes, haja vista que nada leva a crer que se evadiriam do distrito da culpa, interfeririam na instrução processual ou, ainda, que a liberdade, condicionada a certas medidas, implicaria em risco à ordem pública”, definiu.

Segunda fase da operação

Os alvos da segunda fase, entre eles três médicos, um gerente de licitação, um coordenador financeiro e funcionários das empresas prestadoras de serviços médicos hospitalares, são investigados em crimes de obstrução à Justiça praticada por organização criminosa e coação no curso do processo.

A operação apura irregularidades em licitações e contratos firmados com as empresas Proclin, Qualycare e a Prox Participações, firmados com o município de Cuiabá e o governo estadual.

Um segundo inquérito policial foi aberto no dia 14 de dezembro depois que a Polícia Civil detectou que os investigados estavam obstruindo o trabalho da Justiça.

A delegada da Defaz, Maria Alice Barros Martins Amorim, disse que os investigados destruíram, ocultaram e coagiram testemunhas, além de usar força política para atrapalhar a operação. Outros suspeitos, ainda, fizeram pagamentos pendentes para encobrir as fraudes.

Ainda conforme a Polícia Civil, ficou constatado que o grupo criminoso teria destruído provas e apagado arquivos de computadores para dificultar as investigações, além de ameaças feitas às testemunhas.

A investigação da operação Sangria apura fraudes em licitação, organização criminosa e corrupção ativa e passiva, referente a condutas criminosas praticadas por médicos, administrador de empresa, funcionários públicos e outros, tendo como objeto lesão ao erário, vinculados a Secretaria de Estado de Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde, através de contratos celebrados com as empresas usadas pela organização.

Segundo a apuração, a organização mantém influência dentro da administração pública, no sentido de desclassificar concorrentes, para que ao final apenas empresas pertencentes a eles possam atuar livremente no mercado.

A investigação demonstra que a organização criminosa, chefiada por médicos, estão deteriorando a saúde pública de Cuiabá e de Mato Grosso.

Levantamento feito pela Central de Regulação de Cuiabá, em 2017, aponta que 1.046 pessoas aguardavam por uma cirurgia cardíaca de urgência e outras 390 por um procedimento cardíaco eletivo.

Primeira fase

Na primeira fase da operação, o secretário municipal de Saúde, Huark Douglas Correia, foi alvo da polícia. Ele acabou afastado e exonerado do cargo um dia depois da operação.

Em setembro deste ano, os vereadores de Cuiabá fizeram uma denúncia contra o secretário de Saúde de Cuiabá, Huark Douglas Correa, por improbidade administrativa.

Dentre outras supostas irregularidades no saúde pública do município, a CPI investiga a denúncia de que Huark seria procurador da empresa Sociedade Matogrossense de Assistência em Medicina Interna Ldta (Pró-Clin), que possui contrato com a empresa responsável pela administração do Hospital Municipal São Benedito, que também era administrado por ele.

Para receber nossas notícias em primeira mão, adicione CenárioMT às suas fontes preferenciais no Google Notícias .
Graduada na Faculdade La Salle na cidade de Lucas do Rio Verde - MT, estagiou na Secretaria de Educação do município na área de ensino. Atualmente, exerce a função de repórter e redatora no portal CenárioMT, editoria Mundo, Mato Grosso e Cidadania.