Um estudo realizado pela Polícia Civil mostra que a maioria dos agressores de mulheres em Mato Grosso é formada por empresários, sendo que 35% possuem ensino superior. O levantamento abrange os anos de 2020 a 2024 e evidencia um crescimento significativo nos casos de violência contra mulheres.
Nos últimos quatro anos, o número de pedidos de medidas protetivas no estado aumentou 200%, passando de 2.061 para 6.223 solicitações. Somente em 2024, foram registradas 3.874 medidas protetivas, além de 58 prisões por mandado e 680 prisões em flagrante. Também foram contabilizados 537 casos de descumprimento das medidas.
Conforme a delegada Judá Maali Pinheiro Marcondes, titular da Delegacia da Mulher em Cuiabá, cada vez mais mulheres buscam apoio policial, refletindo uma maior percepção de seu papel na sociedade. Os meses com maior número de registros são outubro e maio, impulsionados respectivamente pelas campanhas do Outubro Rosa e pelo mês das mães.
O padrão de procura por atendimento também chama atenção: segundas-feiras em horário comercial concentram a maioria dos atendimentos, enquanto plantões 24 horas registram maior demanda nos fins de semana, quando surgem os casos mais graves. As ocorrências mais frequentes incluem ameaça, injúria, lesão corporal, violência psicológica, perseguição e descumprimento de medidas protetivas.
Em Cuiabá, 87% dos agressores cumprem as medidas impostas pela Justiça. A maior parte das mulheres que procuram ajuda está em relacionamentos de até 10 anos, enquanto casos com relações superiores a 30 anos representam apenas 2% das denúncias. Segundo a delegada, mulheres em relacionamentos mais recentes conseguem romper o ciclo de violência mais facilmente, embora os cinco primeiros anos após a separação concentrem o maior número de agressões.