Eclipse lunar total em 20 – 21 de janeiro e Super Lua em 21 de janeiro

Fonte: Telma Cenira Couto da Silva - Colaboradora CenárioMT

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No final da noite do dia 20 de janeiro e no começo da madrugada de 21 de janeiro um eclipse lunar total poderá ser observado em todo o Brasil desde que as condições meteorológicas permitam.

Um eclipse lunar ocorre quando a Lua, na fase cheia, adentra na sombra que a Terra produz no espaço. O eclipse total da Lua ocorre em diversas etapas. Inicialmente ocorre um eclipse penumbral, seguido por um eclipse parcial – quando a Lua parece estar “mordida”, e, posteriormente, pelo eclipse lunar total propriamente dito, a fase da totalidade, quando a Lua fica totalmente encoberta pela sombra da Terra. Após um determinado tempo ocorre um novo eclipse parcial – quando a Lua parece estar “mordida” do lado oposto ao do primeiro eclipse parcial, e, finalmente, um outro eclipse penumbral.

Porém, o eclipse penumbral não é observável para a população, já que, nessa etapa a Lua apenas diminui o seu brilho. A expectativa de observar um eclipse penumbral pode criar frustração. Verifiquei isso quando organizava eventos públicos de observação de eclipses lunares.  Embora o eclipse penumbral seja uma das etapas de um eclipse lunar, muitos sítios internacionais de divulgação de Astronomia já não costumam citar o horário em que este ocorre preferindo mencionar apenas o eclipse lunar a partir do início do primeiro eclipse parcial até o final do segundo eclipse lunar parcial. Se algum observador notar alguma sombra ou escuridão na Lua durante o eclipse penumbral, pode ter certeza que serão nuvens, comuns nesta época do ano, e não uma escuridão relacionada ao eclipse.

Esse eclipse lunar acontecerá durante a vigência do horário de verão. Como diversos estados não aderiram ao mesmo, há que se atentar ao horário local desse evento.

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Para os residentes no Acre e algumas cidades do oeste do Amazonas tais como Atalaia do Norte e Benjamin Constant – entre outras que seguem o fuso horário do Acre – a parte visível do eclipse, ou, o primeiro eclipse parcial, começará às 22h33 do dia 20 e, às 23h41 iniciará a fase da totalidade – ou o eclipse total da Lua propriamente dito – quando a Lua fica completamente dentro da parte mais escura da sombra que a Terra produz, denominada umbra.  O máximo da totalidade acontecerá à 0h12 do dia 21 de janeiro, quando a Lua encontrar-se -á mais próxima do centro da sombra da Terra. A totalidade terminará à 0h43 e, logo após, começará o segundo eclipse parcial que terminará à 1h50. Nesse horário terminará a parte visível do eclipse lunar.

Para quem se interessar, nessa região o primeiro eclipse penumbral começará
às 21h36 do dia 20 e terminará quando começar o primeiro eclipse parcial,
22h33 desse dia. O segundo eclipse penumbral começará logo após o segundo
eclipse parcial e terminará às 2h48 do dia 21. Por opção, no texto que se
segue só será divulgado o horário em que o público poderá visualizar o
eclipse lunar. Os interessados no eclipse penumbral deverão acrescentar uma
hora a mais para o horário acima descrito em cada um dos parágrafos abaixo.
A margem de erro de todos os horários citados é de, mais ou menos, um
minuto.

Os habitantes do Amazonas, exceto os municípios desse estado que seguem o horário do Acre, os de Rondônia e os de Roraima observarão o primeiro eclipse parcial a partir das 23h33 do dia 20 até  à 0h41 do dia 21, quando começará a totalidade, que terá o  seu máximo à 1h12 do dia 21. A totalidade findará à 1h43. Logo após, começará o segundo eclipse parcial que terminará às 2h50.

Para os moradores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amapá, Pará, Tocantins e todo o nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), o primeiro eclipse parcial começará à 0h33 do dia 21 até à 1h41, quando começará a totalidade, ou, o eclipse total da Lua, cujo máximo ocorrerá às 2h12. A fase da totalidade terminará às 2h43, seguida pelo segundo eclipse parcial que terminará às 3h50m.

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Os que têm domicílio no Distrito Federal, em Goiás, e, nas regiões sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), e sul do Brasil (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), observarão o primeiro eclipse parcial   à 1h33 do dia 21 até às 2h41, quando iniciará a totalidade, que alcançará o máximo às 3h12. A totalidade, ou o eclipse total da Lua terminará às 3h43, seguida pelo segundo eclipse parcial que findará às 4h50m.

É interessante ressaltar que durante esse eclipse a Lua estará se aproximando do perigeu, que é o local da órbita da Lua em que ela fica mais próxima à Terra.  O nosso satélite alcançará o perigeu aproximadamente às 18h (19:59 UTC) no horário de Brasília, então, em 21 de Janeiro haverá uma Super Lua, que é observada maior pelo fato da Lua estar mais próxima ao nosso planeta. Por uma questão de ilusão de ótica a Lua parece maior quando está próxima ao horizonte e, por isso a Super Lua será melhor observada quando estiver se levantando no final da tarde do dia 21. Porém, a Lua já estará esplendorosa na madrugada do dia 21, mais uma vez, se as condições climáticas permitirem.

Ultimamente tem-se denominado um eclipse lunar total como “Lua de Sangue”.  Alguns justificam o nome utilizado porque a Lua fica vermelha, da cor de sangue.  A verdade é que, no máximo, a Lua fica avermelhada, e, dependendo da composição da atmosfera no dia do eclipse lunar total, a Lua pode ficar alaranjada, ou amarronzada, por exemplo.

Aparentemente o nome “Lua de Sangue” tem sido usado para despertar mais interesse popular sobre a matéria. Porém, há o outro lado da questão.  Pessoas simples e muito religiosas ficaram temerosas de observar a última “Lua de Sangue” – tratada como tal por diversos veículos de comunicação – em 27 de julho de 2018 que, para a maioria dos brasileiros, foi apenas um eclipse lunar parcial.  Uma pessoa muito simples disse-me que não iria observar uma coisa do “demônio”, e que, essa “lua de sangue”  existiria por causa do comportamento da humanidade.  A sua igreja havia proibido os fiéis de observarem o evento!

A expressão “Lua de Sangue” foi usada inicialmente por dois pastores John Hagee e Mark Biltz   que fizeram previsões apocalípticas para o último eclipse de uma sequência de quatro eclipses lunares totais que ocorreram num intervalo de seis meses entre cada um deles –  denominado  tetrada lunar –  nos anos de 2014 e 2015. Naturalmente, as suas previsões falharam. E, a próxima tetrada lunar só acontecerá nos anos de 2032 e 2033. Portanto, o eclipse lunar total de janeiro de 2019 não será uma “Lua de Sangue”, assim como não o foi o “eclipse do século” de 2018.

Um eclipse lunar total é um evento bonito, corriqueiro em Astronomia, não causa mal algum à visão, pode ser observado a olho nu, e não traz nenhum malefício à população.

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 por Telma Cenira Couto da Silva Telma

Doutora em Astronomia (IAG – USP) e professora aposentada da UFMT

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