Uma descoberta botânica recente está agitando a comunidade científica e ambiental em Mato Grosso. A identificação da Tibouchina triprovincialis, uma nova espécie da flora brasileira, não só expande nosso conhecimento sobre a rica biodiversidade do país, mas também lança luz sobre a importância crucial do Mapeamento da Vegetação de Mato Grosso.
Este ambicioso projeto, com mais de 15 anos de dedicação, já demonstra resultados expressivos, mesmo antes de sua conclusão oficial.
A revelação da Tibouchina triprovincialis é um dos frutos de uma expedição técnica à Estação Ecológica do Rio Roosevelt, uma joia da conservação estadual. A coleta da amostra que levou à descoberta foi parte integrante dos esforços para a criação do Mapa da Vegetação Primária de Mato Grosso. Este mapa é fruto de uma colaboração estratégica entre a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contando ainda com o apoio vital do Programa REM MT.
A Tibouchina triprovincialis, membro da família Melastomataceae, habita o bioma amazônico, com ocorrências confirmadas apenas em Amazonas, Rondônia e, agora, Mato Grosso. A equipe que realizou a coleta pioneira em Mato Grosso foi composta pelos técnicos Juraci de Ozeda Ala Filho, Lisandro de Souza Peixoto Neto e Sebastião Souza Silva.
Esse trabalho minucioso contou com o apoio técnico fundamental do Herbário Central da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), campus Tangará da Serra. O financiamento do Programa REM MT foi o motor que garantiu a contratação de especialistas, a aquisição de equipamentos de ponta e a logística complexa das expedições.
Em termos morfológicos, a nova espécie é um arbusto de pequeno porte, medindo entre 20 e 80 centímetros. Caracteriza-se por suas folhas minúsculas e cobertas por escamas, além de inflorescências compactas e um conjunto de características florais únicas. Seu habitat natural são as Campinaranas, áreas campestres que sofrem alagamentos sazonais, localizadas no coração da Amazônia.
O Mapa da Vegetação Primária de Mato Grosso, atualmente aguardando homologação pelo IBGE, representa um salto qualitativo na compreensão das espécies arbóreas do estado. O projeto, que teve início em 2008, envolveu extensas expedições por todo o território mato-grossense. Nessas jornadas, foram realizadas amostragens e análises detalhadas do ambiente físico, da estrutura da vegetação e da identificação de espécies arbóreas e arbustivas. A expectativa é que o trabalho seja concluído em 2025, com a publicação oficial e a disponibilização pública do mapa atualizado.
Esse levantamento não será apenas um documento científico; ele se tornará uma ferramenta indispensável para diversas frentes:
- Fortalecer a fiscalização contra o desmatamento ilegal.
- Aprofundar o entendimento sobre a distribuição e os limites da reserva legal.
- Subsidiar a elaboração de planos de manejo em Unidades de Conservação.
- Impulsionar a pesquisa científica, como a taxonomia e a botânica, e as estratégias de conservação da biodiversidade, exemplificado pela descoberta da T. triprovincialis.
Programa REM MT: Um incentivo à sustentabilidade
O Programa REM MT é um reconhecimento e uma premiação dos governos da Alemanha e do Reino Unido, por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW). É um incentivo financeiro concedido ao Estado de Mato Grosso pelos resultados consistentes na redução do desmatamento em seu território.
Na primeira fase do programa, 157 projetos foram beneficiados, alcançando 144 organizações sociais, incluindo 114 associações ou cooperativas. Os projetos foram distribuídos pelos três biomas de Mato Grosso: Amazônia, Cerrado e Pantanal, abrangendo a diversidade ambiental do estado.
Os resultados do programa são notáveis:
- 603 aldeias e 43 povos indígenas atendidos.
- 107 municípios mato-grossenses impactados.
- Mais de 35 mil pessoas beneficiadas diretamente.
- Cerca de 160 mil hectares de desmatamento evitados em Mato Grosso apenas em 2021 e 2022, graças à atuação do REM MT.
O Programa REM MT é coordenado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), e conta com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) como gestores financeiros.
