Decisão judicial interrompe plano de recuperação de empresa de Mato Grosso no Paraná

Fonte: da Redação

Tribunal do Paraná impede reunião de grupo ligado ao agronegócio de MT por suspeita de fraude
Tribunal do Paraná impede reunião de grupo ligado ao agronegócio de MT por suspeita de fraude

A Justiça do Paraná voltou a suspender, por meio de decisão liminar, a realização de uma assembleia geral extraordinária (AGE) convocada pelo Grupo Nutri, subsidiário do Grupo Safras, sediado em Mato Grosso. A reunião, marcada para o dia 11 de novembro, tinha como finalidade autorizar o ingresso de um pedido de recuperação judicial, mas foi considerada irregular pelo Poder Judiciário por apresentar vícios formais e ausência de anuência dos sócios.

A decisão foi proferida pelo juiz Elessandro Demétrio da Silva, da Comarca de Cascavel, em ação movida pelo Fundo Agri Brazil. O magistrado acatou o pedido de suspensão após constatar indícios de ilegalidades na convocação e condução da assembleia, determinando que qualquer deliberação sobre o tema fosse imediatamente interrompida.

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Irregularidades e fundamentos da decisão

De acordo com o processo, a assembleia estava programada para ocorrer em Maringá, enquanto a sede administrativa das empresas fica em Cascavel, o que fere o artigo 124 da Lei das Sociedades por Ações. O juiz destacou, em sua decisão, que “conveniência logística, custo de deslocamento ou adequação de espaço físico não configuram motivo de força maior para alteração de local de assembleia”.

O Fundo Agri Brazil alegou que a convocação buscava aprovar o pedido de recuperação judicial sem documentação técnica adequada, nem transparência nas informações financeiras, configurando abuso de poder de controle por parte da administração do grupo. O magistrado também enfatizou o risco de dano irreversível caso a AGE fosse realizada, já que o eventual ajuizamento de uma recuperação judicial poderia produzir efeitos imediatos e de difícil reversão.

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Conflito e agressão

Durante o cumprimento da decisão, um consultor do Fundo Agri Brazil compareceu ao local onde a assembleia seria realizada para comunicar oficialmente a suspensão determinada pela Justiça. No entanto, segundo registro policial, ele foi agredido fisicamente por um dos diretores do Grupo Nutri. O representante do fundo registrou boletim de ocorrência na delegacia de Cascavel e deverá prestar depoimento nos próximos dias.

Histórico de irregularidades

Esta é a segunda vez que a Justiça do Paraná impede a realização de assembleias do Grupo Nutri com o mesmo objetivo. Em outubro, uma reunião marcada para o dia 31 também havia sido suspensa, após o reconhecimento de irregularidades semelhantes.

O Grupo Nutri é formado pelas empresas Nutri Agroindústria S.A., Baxi Foods S.A. e Baxi Distribuidora de Rações S.A., todas sediadas no Paraná e vinculadas ao Grupo Safras, conglomerado que atua nos setores de armazenamento de grãos, esmagamento de soja, produção de ração e exportação de commodities agrícolas.

Desde 2024, o grupo tem sido alvo de ações judiciais e disputas societárias que envolvem movimentações patrimoniais suspeitas e tentativas de recuperação judicial questionadas por credores e investidores.

Defesa de credores e transparência

Com a nova decisão, o Fundo Agri Brazil afirmou que continuará atuando para garantir a integridade patrimonial das empresas, a preservação dos empregos e a proteção dos direitos dos credores, reforçando seu compromisso com a transparência e o cumprimento da legislação societária e falimentar.

O caso segue em andamento, e novas decisões poderão ser tomadas conforme o avanço do processo na Justiça do Paraná.

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