Custo da produção faz disparar preços da carne bovina em Mato Grosso

Segundo o último levantamento do Inmea, em julho, agosto e setembro, o ciclo de recria e engorda teve um aumento de mais de 26% no comparativo anual, chegando a custar R$ 172 para o criador.

Fonte: G1MT

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O preço da carne em Mato Grosso subiu devido aos altos gastos com a produção. Segundo o último levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Inmea), em julho, agosto e setembro, o ciclo de recria e engorda teve um aumento de mais de 26% no comparativo anual, chegando a custar R$ 172 para o criador.

Atualmente o maior gasto num confinamento é com a reposição dos animais e a alimentação do gado. O boi magro com 12 arrobas, ou 360 quilos, está custando mais de R$ 3,2 mil no estado, quase 70% a mais que há um ano. O bezerro ficou 77% mais caro nos últimos 12 meses. No cocho, o milho, que é o principal ingrediente utilizado na ração dos animais, está mais caro.

Esse cenário mantém a arroba do boi gordo valorizada. De janeiro para cá, a arroba aumentou 43%. Em uma fazenda em Diamantino, são 20 mil animais confinados, mas para o pecuarista Francisco Camacho o preço da arroba do boi não acompanhou os gastos que ele tem no confinamento.

“Os custos aumentaram em uma velocidade acima dos preços, então quem olha os preços do boi, preços da vaca, preço da novilha, do gado gordo, esquece de olhar o custo da produção. Então o custo subiu muito mais, um milho de R$ 30 a R$ 35 reais hoje nós estamos pagando R$ 70”, afirma.

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Assim como o milho, o farelo de soja também é usado na ração do gado. A tonelada do produto é vendida hoje a R$ 2,4 mil segundo o Inmea, um valor 110% maior do que em novembro do ano passado.

Além de mais caros, os grãos estão em falta. Neste ano, o preço atrativo das commodities impulsionados pela valorização do dólar contribuíram para a maior saída dos produtos para o mercado externo. O gestor de inteligência de mercado, Cleiton Gauer, explica que as commodities acabam interferindo em todos os fatores do mercado.

“Quando a gente trabalha principalmente com commodities, a gente acaba interferindo em todos os fatores, sejam ele no aumento da demanda internacional, seja na questão cambial que favorece e corresponde no aumento da competitividade desse mercado pelo mercado interno. Não só por isso, mas com subprodutos dessas matérias primas que acabam impactando diretamente na atividade, no setor como um todo”, afirma.

O fator que impactou na redução de bois para o mercado foi a falta de chuvas no estado. Mais de 70% dos animais são criados no pasto. Nos próximos meses, a oferta de gado deve aumentar. A diretora executiva da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Daniella Bueno, explica que a maior parte dos animais são criados em pasto e por isso houve uma redução no número anual.

“Valores alterados na arroba estão atrelados à falta de oferta e é justamente devido a grande estiagem. A maior parte dos nossos animais ainda são criados em pasto, 72% dos animais são criados em pasto, e apenas 25% estão dentro do semiconfinamento e confinamento. Então, a partir de agora com essa melhoria das pastagens, daqui 60, 90 dias, a gente vai começar a ter mais animais prontos oriundos da pastagem. Os animais também confinados tiveram uma redução muito significativa nesse ano, pelos números do Inmea, não vamos chegar a 650 mil e mais de 50% deles começaram a ser entregues agora em outubro. Então a gente tem esse aumento agora de oferta advindo também dos confinamentos”, afirma.