A Justiça de São Paulo concedeu uma liminar que impede a desocupação do Teatro de Contêiner Mungunzá e do Coletivo Tem Sentimento pelo período de 180 dias. O imóvel, pertencente à prefeitura, está localizado na antiga região da Cracolândia.
Segundo a decisão da juíza Nandra Martins da Silva Machado, da 5ª Vara da Fazenda Pública, a desocupação exigiria planejamento técnico e logístico devido à complexidade da estrutura, que inclui 15 contêineres interligados, paredes de vidro, cobertura acústica e acervo cultural.
O teatro possui programação confirmada até dezembro, e sua interrupção afetaria artistas, educadores e o público envolvido. A prefeitura, por sua vez, informou que planeja revitalizar a área e construir habitação de interesse social, oferecendo anteriormente três alternativas para o teatro, que não foram aceitas.
Além disso, a administração municipal publicou uma autorização de uso temporário de 60 dias, oferecendo um terreno próximo à localização atual, atendendo a reivindicação do grupo de permanecer na região.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, declarou que ainda não tinha conhecimento da decisão judicial e reforçou que o local receberá um prédio com 95 habitações e área de lazer, ressaltando os aportes de recursos públicos para as atividades do teatro.
Truculência
Na semana anterior, agentes da Guarda Civil Metropolitana removeram artistas de um prédio anexo ao teatro, utilizando gás de pimenta, o que gerou protestos de artistas e órgãos culturais como o Ministério da Cultura e a Funarte.
Artistas renomados, como Marieta Severo, Fernanda Montenegro e Antônio Fagundes, se posicionaram contra o fechamento, destacando a importância cultural e social do Teatro de Contêiner Mungunzá, que atua na região desde 2016 e já realizou mais de 4.000 projetos culturais.
Histórico
O teatro está localizado entre as ruas General Couto de Magalhães, dos Gusmões e dos Protestantes, área que faz parte de um projeto de revitalização da prefeitura, incluindo habitação e áreas de lazer. O grupo reivindica que o terreno seja regularizado pela Secretaria de Cultura, enquanto a prefeitura mantém planos de requalificação urbana.
