Corpo com tornozeleira é achado em área rural de Cuiabá

Cadáver em decomposição foi localizado na MT-030; vítima usava tornozeleira eletrônica e pode ser identificada como Jackson Mendes do Nascimento.

Fonte: da Redação

Corpo com tornozeleira é achado em área rural de Cuiabá
Foto: PMMT

Nos últimos três anos, levantamentos da Secretaria de Segurança Pública apontam que a zona rural da região metropolitana de Mato Grosso registrou aumento de aproximadamente 27% em ocorrências envolvendo corpos descartados em áreas de mata ou beira de estrada. O dado reforça um padrão silencioso, porém crescente, de delitos cometidos longe da área urbana — muitas vezes com o objetivo de dificultar investigações e atrasar a identificação das vítimas.

Foi nesse contexto que, na tarde de quinta-feira (23.10), moradores da região do Coxipó do Ouro, em Cuiabá, se depararam com uma cena que voltou a expor essa realidade. Um corpo em avançado estado de decomposição foi encontrado às margens da MT-030, em um trecho conhecido como “Flor da Mata”. Segundo informações divulgadas pela Polícia Civil, a vítima portava uma tornozeleira eletrônica, o que levantou a possibilidade inicial de se tratar de Jackson Mendes do Nascimento. O cadáver foi recolhido e encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), responsável pelos exames que irão confirmar oficialmente a identidade.

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Esse tipo de descoberta, além de provocar apreensão entre moradores, acende debates sobre a efetividade das medidas de monitoramento eletrônico. Afinal, até que ponto a tornozeleira — normalmente aplicada para quem cumpre pena em regime semiaberto — atua como ferramenta de controle, e quando se torna apenas um registro que ajuda investigações após o crime? O uso do equipamento, nesse caso, poderá auxiliar na reconstituição dos últimos deslocamentos da vítima, oferecendo pistas sobre o percurso percorrido antes da morte.

Contexto mais amplo do crime

Casos como o do Coxipó do Ouro não surgem de forma isolada. Em 2024, Cuiabá registrou ao menos nove episódios semelhantes envolvendo localização de corpos em zonas afastadas, conforme dados obtidos com delegados da região. Em boa parte dessas ocorrências, as vítimas tinham histórico criminal, estavam sob algum tipo de custódia do Estado ou eram ligadas a conflitos envolvendo facções. O padrão revela um movimento estratégico de grupos criminosos para deixar menos vestígios e, ao mesmo tempo, enviar recados velados a rivais.

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Um aspecto pouco discutido, mas relevante, é que a legislação brasileira prevê, no Art. 121 do Código Penal, pena de 6 a 20 anos para homicídio — podendo ser aumentada em situações qualificadas, como ocultação de cadáver. A forma e o local onde o corpo foi encontrado podem, portanto, influenciar o enquadramento final do crime, indicando eventual intenção de obstruir a investigação.

Avanço das investigações e impacto comunitário

A Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) assumiu o caso e deve trabalhar inicialmente com coleta de vestígios e análise do aparelho de monitoramento eletrônico. Moradores relataram que a área, apesar de ser utilizada para lazer e trilhas, tem sido palco de ocorrências suspeitas nas últimas semanas. Como gancho para reflexão: por que locais antes frequentados como ponto turístico rural estão se tornando cenário recorrente de abandono de vítimas?

Especialistas em segurança afirmam que a expansão urbana desordenada, aliada à proximidade de rotas de fuga e estradas vicinais, facilita a ação de grupos que buscam anonimato para cometer delitos. A presença da MT-030, com trechos pouco movimentados durante determinados horários, cria condições para que criminosos ajam com rapidez e sumam sem serem notados.

Enquanto a identidade oficial da vítima não é divulgada, o caso serve de alerta para a população. Quem transitar por áreas isoladas deve redobrar os cuidados e, ao notar movimentações estranhas, comunicar imediatamente às autoridades. Denúncias podem ser feitas, inclusive de forma anônima, pelo 197 da Polícia Civil ou 181 do Disque-Denúncia.

Informações iniciais foram repassadas pela assessoria da Polícia Civil.

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Um criador de conteúdo apaixonado por jogos, tecnologia e notícias regionais, atua como redator no portal CenárioMT, onde produz matérias voltadas aos acontecimentos de Mato Grosso e região. Além disso, também é analista de TI e dedica parte do seu tempo livre ao desenvolvimento de jogos (game design), unindo criatividade e conhecimento técnico em seus projetos.