Crime organizado busca poder político e ameaça democracia, alerta Ministério Público de Mato Grosso

O enfrentamento a essa ameaça exige, segundo ela, educação e a integração de todos os atores sociais

Fonte: CENÁRIOMT

Crime organizado busca poder politico e ameaca democracia alerta Ministerio Publico de Mato Grosso
Crime organizado busca poder político e ameaça democracia, alerta Ministério Público de Mato Grosso

A promotora de Justiça Cynthia Quaglio Gregorio Antunes, titular da 2ª Promotoria Criminal de Jaciara, Mato Grosso, alertou que o crime organizado está buscando o poder político como forma de diversificar sua atuação e aumentar o controle social. A afirmação foi feita durante o projeto Diálogos com a Sociedade, onde a promotora defendeu que eleições limpas são cruciais para a proteção da democracia.

“O que acontece hoje nas eleições, infelizmente, é que essa ‘empresa do crime’ exerce não apenas poder econômico, mas também poder social dentro das comunidades. E agora, está buscando o poder político,” afirmou a promotora.

Segundo ela, a entrada na política permite que essas facções busquem controlar licitações e ingressar na prestação de serviços públicos, principalmente para viabilizar a lavagem de dinheiro.

A promotora Cynthia Antunes ressaltou que a democracia brasileira, que ainda não completou 40 anos desde a Constituição de 1988, é frágil e está em risco diante do avanço das facções.

Ela citou o Rio de Janeiro como exemplo, onde mais de 1,2 milhão de pessoas vivem sob influência de organizações criminosas durante o período eleitoral. Candidatos chegam a ser cobrados entre R$ 150 mil e R$ 200 mil para fazer campanha em certas comunidades, e pacotes de R$ 1 mil por cabo eleitoral são impostos pelos próprios comandantes do crime.

“Essa é a importância de desarticular esse braço político, para que essas organizações não possam atuar também no processo de elaboração das leis,” sustentou a promotora, destacando que as leis são as principais ferramentas de combate ao crime organizado.

O enfrentamento a essa ameaça exige, segundo ela, educação e a integração de todos os atores sociais, garantindo que a sociedade tenha elementos para se proteger.

Na bancada, o tenente-coronel Wanderson Silva Sá, comandante adjunto do 4º Comando Regional da Polícia Militar, falou sobre o enfrentamento diário do crime organizado no interior de Mato Grosso.

Ele destacou que a Polícia Militar é a “ponta de lança” nesse processo e atua fortemente por meio da inteligência policial, utilizando a sede do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) para reunir dados estratégicos e planejar ações.

O tenente-coronel também reforçou a importância do Disque Extorsão 181, serviço de denúncia criado pelo Governo do Estado este ano, como a principal ferramenta da sociedade para acionar a segurança pública contra as facções criminosas.

O Conceito: A promotora de Justiça esclareceu o conceito técnico de organização criminosa, definido no Brasil pela Lei 12.850 de 2013:

É a associação de quatro ou mais pessoas, estruturalmente organizada, com o objetivo de obter vantagens, econômicas ou não, por meio da prática de crimes graves (pena máxima superior a quatro anos). A promotora resumiu: “O crime passa a funcionar como uma empresa. Há uma estrutura organizada voltada à prática de infrações penais graves.”

Graduada na Faculdade La Salle na cidade de Lucas do Rio Verde - MT, estagiou na Secretaria de Educação do município na área de ensino. Atualmente, exerce a função de repórter e redatora no portal CenárioMT, editoria Mundo, Mato Grosso e Cidadania.