A gravidade da violência de gênero em Mato Grosso tem motivado um debate sobre a necessidade de políticas públicas permanentes para o enfrentamento do feminicídio. A discussão ganhou força com a divulgação de dados que mostram a alta incidência de casos no estado, o que gera a demanda por ações contínuas e não dependentes de gestões específicas.
Dados recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública reforçam a urgência do tema. Em 2024, Mato Grosso registrou a maior taxa de feminicídios do país: 47 mulheres assassinadas por motivação de gênero, o que representa um índice 78% superior à média nacional.
O problema é agravado pela violência sexual. O Mapa da Segurança Pública do Ministério da Justiça mostra que, em 2024, foram registrados 2.715 casos de estupro em Mato Grosso, sendo 2.118 contra menores de 18 anos. A maioria dos crimes de feminicídio ocorre dentro de casa e é cometida por parceiros ou ex-companheiros.
A aplicação dos recursos públicos no combate à violência contra a mulher é um ponto central do debate. Análises do orçamento estadual indicam que a execução de verbas destinadas a essa área tem sido motivo de preocupação. Para 2024, por exemplo, foram previstos R$ 500 mil para o enfrentamento da violência, mas o valor não foi devidamente aplicado.
Além disso, questionamentos sobre a transparência no uso de recursos como os R$ 80 milhões para atendimento psicológico e os R$ 20 milhões anuais do Orçamento Mulher também foram levantados. A discussão busca garantir que o dinheiro seja efetivamente aplicado para prevenir a violência e proteger mulheres em situação de vulnerabilidade.