As ações recentes do Grupo Especial de Fronteira (Gefron) provocaram um impacto direto na estrutura logística de facções que operam na divisa entre Mato Grosso e Bolívia, com a apreensão de aeronaves e centenas de veículos usados no tráfico de drogas. Somadas, as operações resultaram em prejuízo estimado de R$ 390 milhões para grupos criminosos ao longo dos últimos sete anos.
De acordo com informações do próprio Gefron, esse valor deriva da retirada de circulação de 64 aeronaves monomotor e 1.976 veículos, entre motos, carros, caminhonetes e carretas, todos empregados para transporte de drogas ou apoio logístico. Parte desse material havia sido roubado ou furtado no Brasil e seria levado para a Bolívia como forma de pagamento por entorpecentes.
O balanço divulgado pelo grupo também aponta que, somente em 2025, foram confiscadas 19,5 toneladas de drogas até outubro, superando todo o volume registrado no ano anterior. Esse dado reforça o fluxo intenso de circulação de entorpecentes pela região, considerada estratégica para organizações criminosas. A pergunta que fica é: até onde vai a adaptação das facções diante do aperto das fiscalizações?
Entre as ações de maior repercussão mencionadas pelo Gefron está a operação deflagrada em setembro de 2024, na Terra Indígena Pequizal, em Comodoro. Na ocasião, equipes localizaram um avião, três motocicletas e aproximadamente 600 quilos de cocaína em uma área usada como ponto de apoio por traficantes. A apreensão expôs novamente como pistas clandestinas e estruturas improvisadas seguem sendo utilizadas para escoar grandes cargas.
Outro episódio de grande porte ocorreu em setembro deste ano, em Rondonópolis, quando forças estaduais e federais interceptaram uma aeronave carregada com 1 tonelada de cocaína. A ação, que envolveu monitoramento aéreo e terrestre, evidenciou a integração entre os órgãos de segurança e o esforço para fechar rotas de alto rendimento para o narcotráfico.
Operações contínuas e efeito na logística criminosa
Os registros mostram que a repressão constante tem provocado desarticulações pontuais nas redes criminosas que operam na faixa de fronteira, região historicamente utilizada para atravessar veículos furtados e movimentar grandes quantidades de drogas. Mesmo sem detalhamento adicional sobre investigações em curso, o Gefron destaca que o volume de apreensões afeta diretamente a capacidade de mobilidade de facções, que dependem de aeronaves e veículos para manter o fluxo de ilícitos.
Ainda que os números não contem toda a história, especialistas costumam apontar que apreensões desse porte costumam gerar adaptações rápidas nas rotas e nos métodos usados por traficantes. O cenário na região levanta a expectativa sobre novas ações conjuntas, especialmente porque parte desses crimes se enquadra em dispositivos do Código Penal relacionados ao tráfico e à receptação de bens utilizados para fins ilícitos.
O Gefron afirma que continuará reforçando as fiscalizações e ações coordenadas nos corredores de entrada e saída do Estado. A expectativa é de que novas operações sejam realizadas nos próximos meses, mantendo o foco no bloqueio da infraestrutura criminosa. As informações são do próprio Gefron.



















