O Brasil enfrenta um aumento alarmante no número de pessoas desaparecidas, com o fenômeno atingindo seu maior patamar desde 2018. Em 2025, o país registrou um total de 81.873 notificações de desaparecimento, um salto de 4,9% em relação a 2024, o que significa que, a cada hora, quatro pessoas somem em território nacional. Dentro desse cenário preocupante, Mato Grosso figura em sexto lugar entre os estados com a maior taxa de desaparecidos.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública revela que Mato Grosso contabilizou 2.271 registros de desaparecimento no ano passado, resultando em uma taxa de 59,2 pessoas a cada 100 mil habitantes. Houve um leve recuo em relação aos 2.419 casos notificados em 2024, mas o estado mantém uma posição de destaque no ranking.
O estudo aponta um perfil predominante entre os desaparecidos: a maioria são homens (62,8%), jovens e adolescentes (53,5%), e negros (54,3%), que tendem a sumir mais frequentemente entre sextas e domingos. Esse padrão é similar ao das vítimas de homicídios no país.
Para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, responsável pela publicação, parte desses desaparecimentos pode estar ligada a uma estratégia de ocultação de crimes. Em áreas com forte atuação de facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), a prática de execuções seguidas da ocultação de corpos é uma preocupação crescente. O relatório menciona a existência de cemitérios clandestinos em diversas unidades da federação, incluindo Mato Grosso.
No início deste ano, por exemplo, mais de 10 corpos foram encontrados em um cemitério clandestino em Rondonópolis. As descobertas começaram em fevereiro, em uma área de mata, após a Polícia Civil investigar o desaparecimento de um homem de 38 anos, que sumira em dezembro de 2024. Em março, outras ossadas humanas foram localizadas na mesma região do bairro Pirineu.
