Foram 47 mulheres assassinadas por motivo de gênero ao longo do ano passado, o que representa 2,5 casos por 100 mil habitantes — o maior índice do país. O número chama a atenção pela recorrência, já que em 2023 o estado também liderou esse ranking trágico.
Feminicídio cresce no Brasil e bate recorde nacional
O Brasil também registrou um recorde nacional: foram contabilizados 1.492 feminicídios em 2024, o maior número desde que a Lei do Feminicídio entrou em vigor, em 2015. O dado representa um aumento de 1% em relação a 2023, quando 1.477 casos foram registrados.
Depois de Mato Grosso, os estados com as maiores taxas proporcionais são Mato Grosso do Sul (2,4), Piauí (2,3) e Roraima (2,0). Na outra ponta, os menores índices estão no Amapá (0,5), Sergipe (0,8) e Ceará (0,9).
Vítimas jovens e crimes dentro de casa
O Observatório Caliandra, mantido pelo Ministério Público de Mato Grosso, revelou que a maioria dos feminicídios no estado ocorreram dentro do próprio domicílio das vítimas. Das 47 mortes registradas em 2024, 24 aconteceram em casa.
O perfil das vítimas também evidencia vulnerabilidade: a maior parte das mulheres assassinadas estavam nas faixas etárias de 18 a 24 anos e de 35 a 39 anos. Ao todo, os crimes deixaram 49 crianças e adolescentes órfãos no estado, um rastro silencioso que atinge famílias inteiras.
Mato Grosso também lidera feminicídios seguidos de suicídio
Outro dado alarmante é que Mato Grosso, ao lado de Santa Catarina e Piauí, lidera os registros de feminicídios seguidos de suicídio do agressor. Foram oito casos em 2024, o que representa um tipo específico de violência de gênero com forte carga psicológica e impacto social.
Apesar dos números altos, o estado registrou uma redução no número de vítimas que tinham medida protetiva ativa: foram oito em 2023 e apenas uma em 2024. A queda pode indicar maior efetividade na proteção, mas também levanta dúvidas sobre acesso ou subnotificação.
Números parciais de 2025 já preocupam
Até julho de 2025, já foram registrados 30 novos casos de feminicídio em Mato Grosso, segundo dados preliminares. O ritmo acende um alerta para autoridades e movimentos sociais, pois o estado pode ultrapassar a marca do ano anterior se as mortes continuarem nessa proporção.
Fórum detalha panorama da violência contra a mulher
A 19ª edição do Anuário trouxe também estatísticas de outras formas de violência de gênero. Foram analisados dados de:
- Feminicídio (consumado e tentado)
- Homicídio doloso de mulheres
- Lesão corporal no contexto de violência doméstica
- Ameaça
- Perseguição (stalking)
- Violência psicológica
- Descumprimento de medida protetiva de urgência
Relacionamos: Mortes violentas caem no Brasil em 2024, mas feminicídios batem recorde
Esses indicadores, segundo o Fórum, ajudam a compreender o ciclo de violência que muitas mulheres enfrentam antes do desfecho fatal. Em muitos casos, o feminicídio é o último estágio de um histórico de agressões ignoradas pelo sistema de proteção.
Conclusão: feminicídio exige resposta imediata e integrada
Os dados revelam que Mato Grosso vive uma crise de violência de gênero que se arrasta ano após ano, exigindo respostas firmes do Estado, da sociedade e do Judiciário. Liderar esse tipo de ranking é mais que estatística — é um grito silencioso de vítimas que foram ignoradas até o fim.
O aumento dos feminicídios no Brasil, mesmo após uma década da criação da Lei nº 13.104/2015, reforça a urgência de ações preventivas, políticas públicas consistentes e redes de proteção ativa. Enquanto isso, cada número nessa tabela representa uma mulher que não voltou para casa.